santos, 21 de julho de 2020.

 

querido amigo manoel,


perdona a demora em te mandar notícias. cá por baixo já são 120 dias de quarentena. nesses últimos o sol parou no meio, temos dias claros. a cada um deles um tom se agita no céu, e meu corpo também. estou morando em santos há 60 desses 120. eita, não se coloque surpreso, é que estou transida de amor. 

inspirada em ana cristina, decidi sacar minha alma e carne para recobrar corpo e mente. então já em janeiro o vento me puxou pra essas bandas e me encantou com a cor do mar. nele moram peixes raros de asas que ensinam sobre a importância da razão e do coração. às vezes tocando o céu, por vezes tocando a terra. cada qual com suas histórias e sabedorias que preenchem o mundo tornando a existência nele mais bonita e leve. estou contente vivendo perto das águas que eles habitam. aqui eu posso “ensalmar”, amo essa palavra porque ela fala sobre a cura através da reza e do mar. transformei em verbo. 

uma vez fomos passear na “ilha diana”. cantamos, dançamos e também por lá escrevi sobre os misteriosos pássaros que a habitam:

“existe uma ilha ardente de pássaros vermelhos

e é só quando se anuncia o fim de tarde que a revoada chega

embaralhada com o lusco-fusco do céu

acrobacias aéreas

rasantes intensos

movimentos das águas

e os pássaros 

de pequenos amores cintilantes.”

o que achas?!

maneco, estou ensalmada por eles. os peixes e os pássaros.

bom, fico por aqui. me mande notícias logo porque saudade não preenche vazio.

com carinho, 

tua amiga.

 

ps: o peixe é uma releitura livre que fiz de um desenho da hilda. cara de pau, tu dirias…

 

2560 1843 Editor
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