Graffiti, Pixação e Privilégios

 

Graffiti é pixação? Pixação é graffiti? 

Só o graffiti é arte ou pixação também?
Ou os dois são vandalismo?
E o vandalismo, é arte?

O limite dessas definições parece muito mais estar pautado historicamente em opiniões conservadoras, racistas e conceitos higienistas de arte urbana do que em um pensamento artístico e estético da rua por essência.

Afinal, quem diferencia um de outro?

Como toda e qualquer realidade social brasileira, quem parece definir é o racismo e quem tem as armas na mão:
A 38 e a caneta.

Na madrugada de terça-feira, 13 de fevereiro, foi espancado e assassinado a tiros Jailson Galdino Souza dos Santos, homem negro da favela, o SKANK. Artista urbano, pixador e grafiteiro de Salvador, Bahia, conhecido em todo o Brasil por seu trabalho e talento.

Morto pelas costas, simplesmente por estar colocando seu trabalho na rua.

E por ser preto.

Aqui, quase do outro lado do país mas banhado pelo mesmo oceano, três dias depois de sua morte, eu, um pixador como ele, porém um homem branco, escuto alguém dizer que hoje em dia até os próprios policiais e detentores de propriedade e poder sabem diferenciar “uma coisa de outra”.

Que há dez anos atrás, apontavam armas, mas hoje vendo os desenhos e cores, entendem melhor que aquele trabalho foi feito pra trazer a alegria…

Que antigamente “todo grafiteiro era considerado pixador”.

Pois é. Ninguém apontou arma para mim também…

Mas eu acho que a cor que fez isso acontecer não foi a do muro não.
Foi a da nossa pele.
E da pele dele.

E aí, graffiti foi feito pra alegrar quem?
Pro grafiteiro de verdade ser chamado de pixador é elogio.

1440 900 Editor
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