Negritudes

SOBRE O PROJETO

LAB Negritudes – Memórias, narrativas e tecnologias negras na Baixada Santista – reconhece protagonismos e é ferramenta para construção e reconstrução de histórias Afrocentradas em detrimento da história única imposta.

Buscamos olhar para trajetórias ancestrais e contemporâneas das nove cidades da Baixada Santista vislumbrando resultados que se revelam em ações de arte, cultura, ciência, turismo e educação construídas sob as bases das metodologias inovadoras que desenvolvemos em nosso laboratório cidadão, o LAB Procomum.

Afirmar, por meio da pesquisa-ação, a importância da população negra da Baixada Santista na formação do Brasil como nação, fazendo uso de processos criativos que recusam apagamentos sistemáticos, substancializando a organização e evidenciação de histórias vitais.

A memória, que buscamos preservar e atualizar, é o fio que interconecta a ancestralidade a um futuro possível no qual pessoas pretas, munidas de suas histórias, serão capazes de se referenciar na sua própria imagem, sua própria cultura e no caminho deixados por seus ancestrais.

La Cuida + LAB Negritudes

Para além da estética, as tranças trazem consigo um símbolo de resistência. Sua origem, em África, é tão diversa quanto as maneiras que podem ser executadas. Tranças são motivo de orgulho e identificação entre povos em diáspora.

Em agosto de 2022 o Instituto Procomum uniu dois de seus mais estimados projetos: La Cuida e LAB Negritudes para realizar o encontro “Entre amigas, trançar, minhas raízes e meus afetos: nossa ancestralidade”. Nosso Lab foi palco para trocas, cuidado e união. Mulheres negras em roda conversando com trancistas, enaltecendo as memórias, as afrotecnologias ancestrais e a economia do cuidado centrada no trabalho realizado.

Lab Relâmpago

Nesta edição, 24 participantes se inscreveram a partir de chamamento público para compor equipes que abordaram os temas educação e turismo. Uma jornada que também foi de autoconhecimento e cuidado. Essa trajetória teve início com dois círculos formativos cujos conteúdos podem ser acessados no canal do Instituto Procomum alocado no YouTube.

Composto majoritariamente por pessoas pretas, o grupo foi dividido em quatro equipes de acordo com interesses e saberes de cada uma das pessoas envolvidas. Após  dois encontros ocorridos no Galpão Multiuso do Instituto Procomum, um de apresentação da pesquisa-ação e outro para desenho dos protótipos. Os participantes tiveram um mês para desenvolver as ideias e o resultado são quatro projetos, com conteúdos a serem difundidos e alguns replicados. São partículas do futuro mais igualitário que desejamos construir.

Aconchego Ilera

Turismo e auto-cuidado de preta pra preta
Por Roby, Leila, Konsá e Fabi

O Cuidado é um dos temas transversais no Instituto Procomum, está em nossas ações e nas trocas que fazemos. Em se tratando de cuidados domésticos, cuidado com o outro, cuidados com crianças, cuidado com a família, é notória e predominância das mulheres em ação. Estudo realizado pela Universidade Federal dol Espírito Santos mostra que 80% das pessoas envolvidas em cuidados são mulheres. Mas quem cuida de quem cuida?
Aconchego Ilera propõe o cuidado para mulheres que poucas vezes estiveram neste lugar, uma reunião de saberes ancestrais provenientes de povos africanos e indígenas, resultando em produção de cosméticos naturais, escalda-pés, música, alimentação consciente e trocas: aquilombar.
É importante ressaltar que o grupo optou pela contratação de fornecedores da região para a execução do protótipo. Enxergar o fortalecimento em rede também é premissa do IP.

OmiAbay

O movimento de epistemologias ancestrais
Por: Andreia Marques, Aretuza Nzinga, Gustavo Pereira, Jupirã Transeunte, Sandra Helena e Vivi Alves

Construir a memória a partir “do colher fragmentos” de cultura negra é tecnologia negra de sobrevivência. Séculos de história apagada vão sendo reconstruídos pela tessitura do que se tem e do que se imagina, são nomes, vivências, imagens, partes que se observados com cuidado, vão figurando a tessitura da memória.

O grupo OmiAbay fez uso do feitio da boneca Abayomi para apresentar obra audiovisual que leva o título do nome do grupo. Um registro sensível e poético de alguns dos fragmentos como a contação de história da integrante Sandra Helena, palavras de Conceição Evaristo e o olhar para a estética afrocentrada formam o vídeo. Esta ideia central de tecitura também se desdobra em performances, zines e tudo o mais que possa cintilar nossa história.

AfroFullturismo Multiquebradal

A quebrada é turística, sim!
Por: Augusta, Dener, Luana Taynara e Vilene Lacerda

Podemos ser levados a crer que apagamento histórico é técnica reservada ao período escravocrata, mas não. O apagamento acontece todos os dias quando somos ensinados a desmerecer a nossa história. O LAB Negritudes, desde sua origem em 2020, questiona onde estão os registros das pessoas negras que deram forma a este território e Afrofullturismo Multiquebradal vem mostrar que a periferia, habitada majoritariamente por pessoas pretas, pode e deve ser turística, à revelia da falta de políticas públicas com este direcionamento. De acordo com dados de 2020 do IBGE, a Baixada Santista aporta 192 favelas. Cada casa, cada barraco, cada viela é recheada de gente e gente é recheada de história. Os movimentos populares se articulam e constroem espaços que transbordam arte, cultura e diversão.

Em um primeiro momento o grupo reuniu jovens da favela do México 70 em São Vicente e os levou para passeio turístico guiado pela cachoeira do limão na cidade de Bertioga e posteriormente os jovens passaram por atividade formativa. A ideia foi, além da diversão, que os jovens, ao entrar em contato com a oficina ministrada pela turismóloga Augusta, pudessem vislumbrar a possibilidade de uma nova profissão entendendo que parte significativa da economia da Baixada Santista gira em torno do turismo o projeto abarcou pessoas de Santos São Vicente e Bertioga.

Realeza

Poesia na perifa
Por Pakko, Calu, Sandra Araújo e Professora Andréia

Escrever é olhar para si, é catar as palavras que antes eram sentimentos e aterrisá-las no papel. O grupo propõe o uso dos cinco sentidos como elemento disparador da palavra: quais verdades os seus olhos vêem aqui e agora? A qual sentimento o tatear consciente de uma mesa remete? As respostas para todos estes questionamentos vão tomando forma e construindo, em forma de poesia afrocentrada, narrativas apagadas por um sistema que se vale do vazio histórico para propagar aquilo que Chimamanda Adichie chama sabiamente de “O perigo da história única”.
A oficina aconteceu no morro da Alemoa e contou com a presença de jovens que compareceram mesmo com chuva torrencial. GRIÔ é a palavra africana para denominar o guardião da palavra que norteou Realeza. Jovens um dia serão Griôs em seus territórios.

Memória

Documentação do processo desenvolvido na pesquisa-ação: Memórias, Narrativas e Tecnologias Negras da Baixada Santista.

Produção de conteúdos em diferentes linguagens audiovisuais.

Narrativas

A História Negra da Baixada Santista em tópicos. A pesquisa Memórias Apagadas da Terra da Liberdade é uma das principais atividades do projeto, servindo como referência para todas as outras ações.

Memórias Apagadas da Terra da Liberdade.

Tecnologias

Mapeamento para identificar pessoas, iniciativas e lugares.
A iniciativa contempla histórias vivas do presente ou que marcaram o passado. Estabelecendo um contraponto crítico com o processo de apagamento da memória e ancestralidade negra na região da Baixada Santista.
Contribua com o mapeamento!

Processos de prototipagem e intervenções no território desenvolvidos pelos grupos de trabalho do LAB Procomum.

Círculos formativos para difusão de conteúdos nos eixos de Memórias, Narrativas e Tecnologias.

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