ENSAIO MANIFESTO DO LADO DE CÁ

 

A gente segue por linhas tortuosas
Caminhos e lugares que até então desconhecíamos
O mundo que há nesse país
Tá pronto pra engolir e mastigar
Gente como a gente
a qualquer momento, a qualquer instante

No mundo que há
Há leis que não contemplam
Gente como a gente
Que de fome e sede passa
De comida e de esperança

No mundo que há
Há tanto
Que não cabe em versos pra dizer

Sigamos povo do lado de cá
Os que moram e os que achegam
O devir é incerto demais pra gente cruzar o braço
Se largamos de mãos, a mão podre se apossa
É chegado mais que o momento de uni-vos!

Uni-vos povo do lado de cá
Bora pra luta com nossas existências
Vivas, Sonhosas e Exausta do mundo que há

Bora alastrar
Nossa identidade
Nossa cultura
Nossa ancestralidade

Bora ressaltar a luz que é nossa
Do povo daqui
Que desvenda a si e ao mundo
Enquanto o mundo lá fora pega fogo

É triste, revoltante, desesperador
Mas precisamos retomar nossa força coletiva
E desenhar de outra forma o devir

Simbora, é chegada a hora de transformar
nossa dor, em força
nossa revolta, em ação
nossas vivências, em história
nossa potência, em arte
nosso luto, em luta!

Uni-vos povo!
Uni-vos!

Igô Ferreira
São Vicente, Junho/2021

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