Primeiro encontro dos participantes do LAB Nós da Catraia

Colaboração: Afirmando a cultura e memória da Bacia do Mercado

 

Nos dias 14 e 15 de julho aconteceu o primeiro encontro dos participantes do LAB Nós da Catraia, iniciativa do Instituto Procomum em parceria com o GT ATHIS Baixada Santista e  financiamento do CAU-SP.  O projeto objetiva o levantamento de um “Inventário Colaborativo e Popular do Patrimônio Cultural no Conjunto do Mercado Municipal e da Bacia das Catraias de Santos”, região embrionária no surgimento da cidade de Santos.

 

Após realizar uma série de derivas e escutas no bairro em busca de compreender qual seria a identidade cultural do bairro, resolvemos criar um laboratório de prototipagem juntando pessoas de diferentes áreas do saber para pensar com os moradores do bairro como um inventário cultural pode ajudar a defender a memória e a dignidade das pessoas, frente às mudanças que vem acontecendo no bairro.

 

O Mercado Municipal de Santos e parte das ruas do entorno têm passado por reformas e mudanças urbanas, como a criação das estações do VLT (veículo leve sobre trilhos), que modificarão não somente o cenário, mas também a dinâmica, a vida cotidiana, os preços e as relações no bairro.

 

Um inventário vivo, popular e colaborativo

 

Em um primeiro momento, os participantes se apresentaram e dentre eles estavam arquitetos, designers, ativistas, assistentes sociais, líderes comunitários e moradores da região. Algumas histórias emergiram: Helena, por exemplo, contou que era uma das frequentantes da Associação Prato de Sopa, entidade católica que ficava localizada onde agora se encontra a sede do Instituto Procomum.

 

Aqui no LAB Procomum acreditamos que uma das melhores formas de se começar a lidar com problemas sociais complexos, é ouvir quem os vivencia. Também acreditamos na troca de saberes e na interdisciplinaridade. Arquitetos e arquitetas podem contribuir com o desenvolvimento técnico do inventário, assistentes sociais ajudam na mediação, artistas na divulgação e promoção das atividades, por exemplo.

 

No caso do LAB Nós da Catraia, por se tratar de um laboratório para construção de protótipos para o bairro no qual está localizada a sede do LAB Procomum, o envolvimento é orgânico. Participaram pessoas de nossos grupos de trabalho, ex participantes da Colaboradora (nossa escola colaborativa) e frequentadores do LAB.  A relação com o território é parte intrínseca do nosso trabalho.

 

Dani Colin, arquiteta urbanista e uma das coordenadoras do GT ATHIS, ministrou uma breve palestra a respeito de patrimônio imaterial, tema que também norteia o LAB. No segundo dia, após dinâmica realizada por Victor Marinho, Gerente de Inovação do IP, os participantes organizaram em dois grandes grupos as principais ideias e desafios levantados por eles mesmos. A ideia é criar diferentes frentes de ação e desenvolvimento de atividade de acordo com as afinidades e os saberes de cada um dos participantes.

Próximos passos

Os participantes separam-se em três grupos: um desenvolverá metodologias e dinâmicas para o inventário; outro realizará a mobilização e a pesquisa deste inventário; o terceiro fará a mediação entre os grupos e a população do bairro.

 

Eles desenvolverão as ideias durante um mês, avançando nas pesquisas, com as mentorias da equipe do LAB Procomum e do ATHIS BS.

 

Continue nos acompanhando, no dia 12 de agosto acontecerá a celebração de lançamento do Inventário Colaborativo e Popular do Patrimônio Cultural no Conjunto do Mercado Municipal e da Bacia das Catraias de Santos.

 

Por que fazemos?

 

No “Estudo Urbanístico para a Bacia das Catraias, Mercado Municipal e Relação com as Vilas Criativas e Entorno” consta o projeto e reforma da nova Bacia de Mercado, um planejamento que deixa dúvidas a respeito do quanto a população local está sendo ouvida e respeitada e por apresentar como exemplos inspirações de casos de revitalização descolados da realidade da população que habita a Bacia do Mercado e entorno. 

 

Sob a luz do “Projeto de Requalificação do Mercado Municipal de Santos” entregue pelos arquitetos Aguinaldo Secco, Nelson Gonçalves Lima Júnior e José Marques Carriço, percebemos que uma revitalização urbana justa deve incluir um planejamento voltado para habitação que possibilite o repovoamento das áreas com diversidade de classes social, a partir da percepção de que uma cidade deve ser planejada para seus cidadãos. A isso somam-se outras indicações como a criação de áreas verdes, condições de transporte, comércio adequado e criação de ofertas de emprego na própria área. 

 

O anseio pela revitalização é fruto da degradação da área cujo início da transformação data da década de 1940 quando, devido a industrialização, o bairro começa a deixar de ser residencial. Na década de 1960, por exemplo, pôde-se observar que a redução de imóveis residenciais e a generalização dos supermercados contribuiu para a decadência do Mercado Municipal. Foram diversas as nuances que contribuíram para a atual situação do território que aporta inúmeros cortiços habitados por diversas pessoas, dentre elas trabalhadores que veem nesta opção de moradia, um meio de baratear o custo de vida dada a localização mais próxima do trabalho.   

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