Na Rede 01 – Vinícius Silvino

 “Na Rede” é uma série de encontros com projetos inovadores e criativos da Baixada Santista. Na primeira edição, recebemos o músico e ator Vinícius Silvino, que está em campanha para gravação do disco “Corpo” Apoie aqui: www.catarse.me/corpo

“Corpo”: um disco urgente de Vinícius Silvino

Vinícius Silvino, 25, é músico e ator. Atualmente está em campanha para a gravação do seu primeiro disco “Corpo”, com produção de Theo Cancello. Recebemos o artista na sede do Instituto ProComum para uma conversa sobre seu projeto. Apoie aqui: www.catarse.me/corpo
O estopim para gravar o disco surgiu após o diagnóstico positivo do vírus HIV em outubro de 2015.
“Eu olhava para o espelho e só conseguia ver o HIV. Tive que me vasculhar e perceber que tenho o vírus, mas não sou só isso”, disse.
Ele conta que sempre esteve cantando, escrevendo letras, até gravando no celular, mas nunca havia participado de uma gravação profissional. “O estúdio é um corpo novo para mim”, conta.
“Depois do diagnóstico, criei um sentido de urgência. De me realizar e ver o que importa realmente na minha vida”, disse o músico.

O conceito do corpo

A ideia do disco é anterior e insconsciente. Vinícius Silvino já tinha um projeto chamado “Húmus”, na qual pesquisava canções da MPB que abordavam a temátia LBGT e todos seus dilemas, ascenções, quedas e conqusitas em épocas diferentes. Entre as músicas, escrevia poesias, em que seu corpo já estava presente de maneira subjetiva.
“Ao andar na rua, como gay ou bicha, as pessoas te lembram disso o tempo todo. Passa um carro e grita: ‘viado!’. No ônibus: os olhares. Uma amiga que diz ‘é bonito, pena que não é homem’”.
Então passou a questionar: “O que existe socialmente no meu corpo para as pessoas me apontarem e gritarem bicha?”.


Maria: a história de sua avó e de muitas mulheres do Brasil

Na segunda-feira, 12 de dezembro, o músico lançou o segundo single do disco”Maria”, inspirada na história de sua avó. (escute aqui: goo.gl/7YSWRv)
Vinícius Silvino conta que ela teve uma infância pobre no Vale do Ribeira e parou de estudar na segunda série da educação primária. Casou cedo e viveu parte de sua vida na agricultura de substência.
Aos 40 anos, muda para a baixada santista com seu o avô Silvino – homenagem que Vinícius adotou em seu nome artistíco.
“Eu sempre me questionei de onde vim. Sou um neto do encontro do sertão com o Vale do Ribeirinha. Sou um filho da classe média atento às origens. Sempre ouvindo histórias e aprendendo”, comenta.


O vírus e a sociedade

“Quando surgiu o diagnóstico, a primeira coisa que pensei foi que minha carreira como ator havia acabado. Tinha medo que, mesmo no mundo da arte, ninguém contratasse um soropositivo assumido”, diz Vinícius sobre seus primeiros sentimentos após os exames.

Depois, refletiu um pouco sobre o HIV e seus números altos entre as minorias sociais: “Onde fui desenvolver minha sexualidade? Sair do armário? O gay é colocado no cinemão, no gueto, na rua escura”.

“Antes da epidemia do HIV, enxergo o racismo, a homofobia e a transfobia como um problema maior. A estrutura social vulnerabiliza grupos e a medicina parece ter evoluído mais que a sociedade”, concluí.

Matéria e fotos por Victor Sousa

 

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