Mediadores – Quem são as pessoas responsáveis por receber a nossa comunidade?

Desde o final do ano passado, o LAB Procomum conta com cinco mediadores que são responsáveis por atender de forma qualificada o público que frequenta o espaço e interagir com as comunidades de prática. O acompanhamento das atividades pelos mediadores cria pontes entre os grupos, facilitando a troca de conhecimento e colaboração, princípios alinhados ao nosso anseio de agir na sociedade a partir da perspectiva do comum. Cada um dos mediadores será responsável por uma pesquisa baseada no aprender fazendo e fazer aprendendo.

Durante os últimos dias, conversei com os mediadores João Pedro, Daio, Fernanda Câmara, Andressa e Isadora Barbosa para entender mais a respeito das pesquisas livres que realizarão, e abaixo é possível conhecer um pouco do que vai acontecer:

Fernanda Câmara é caiçara, bióloga, e chegou ao Procomum logo no início, sendo uma das responsáveis pela elaboração do laboratório. Para realizar sua pesquisa, ela se inspirou em uma fala de Georgia Nicolau, uma das Diretoras do IP: “O Comum é uma lente”. Fernanda conta que sempre mescla ciência, tecnologia e arte, sendo parte de uma família responsável pela primeira galeria de arte de Santos. “Lente dos Saberes” é o nome dado à pesquisa que realizará dentro do programa de mediação. A pesquisadora explica que os saberes são como lentes que, quando adquirimos, passamos a enxergar a vida a partir deles. Fernanda desenvolverá lentes com perguntas disparadoras relacionadas à raça e ao clima, por exemplo, para que as pessoas pensem nos espaços e ambientes nos quais estão inseridas.

João Pedro também é caiçara, multiartista e pesquisador. Sua trajetória o levou a observar a sobrevivência da periferia da Baixada Santista, fazendo disso seu objeto de pesquisa no “Manual de Sobrevivência da Juventude Periférica Caiçara”, um material com um acervo de vivências periféricas e informações práticas. João Pedro entende que vivemos em um território de risco, e a criação de pontes e conexões entre as pessoas possibilita uma escrita que pode gerar muitos outros desdobramentos.

Danilo Venâncio, o Daio, também já faz parte da nossa comunidade há muitos anos, chegando através de sua participação no Circo Periférico, que fazia uso do espaço para ensaios por volta de 2018. No final do ano passado, ele passou a integrar a equipe dos mediadores e tem achado uma experiência interessante de descoberta, envolvendo afetividades e possibilidades. No dia a dia, além dos atendimentos, ele tem pensado ao lado dos demais mediadores em ideias que podem ser executadas dentro do LAB. No momento, estão pensando em uma ação para dar vazão a alguns materiais que estão parados no LAB. A pesquisa de Daio busca auxiliar artistas independentes, reunindo pessoas com diferentes saberes para que possam se auxiliar. A ideia é realizar um mutirão para solucionar desafios que determinado artista possa enfrentar. O protótipo visa selecionar um grupo em torno de um artista selecionado, e a partir dessa junção, contrapartidas podem surgir.

Andressa Venâncio reconhece o valor das histórias de cada um, e por isso enxergou na pesquisa uma oportunidade de explorar as narrativas das mulheres negras que circulam pelo LAB. Para isso, deu início às “Narrativas do Viver – Entre histórias e encontros”. Inspirada pelo conceito de “Escrevivências” de Conceição Evaristo, Andressa recolhe fragmentos de histórias para que posteriormente possa literalmente retratar as pessoas que os forneceram. É uma forma delicada e sensível de olhar para o quanto as histórias negras se entrelaçam e como nossas alegrias e dores se encontram desde a ancestralidade.

Isadora Barbosa olha para o próprio programa de mediadores para elaborar sua pesquisa. Do resultado pretende-se uma sistematização do que foi o programa a fim de que ela se torne tanto um porto de partida e avaliação para possíveis próximas turmas, quanto um registro do que foi vivenciado pelos integrantes do programa de 2024.

A mediação é um programa que se inspira em outros espaços de vivência artística, como o Museu do Prado e o Reina Sofia, e outros laboratórios cidadãos, como o Media LAB Prado. Neste também há uma seleção anual e requer uma pesquisa como contrapartida. Trata-se de uma tentativa de acolher a todos que chegam de forma igualitária e, dessa forma, aumentar o envolvimento com o território. Esta é a primeira turma de mediadores e segue conosco até agosto de 2024. Para saber mais a respeito do programa, acesse o site.

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