“Sofrista” é um surfista que passa o dia sonhando com ondas perfeitas, mas trabalha e tem que realizar uma série de entregas antes de ir à praia. Será que vai conseguir cair na água no fim de tarde?
“Iara Quan” é uma ativista do movimento negro, moradora da Zona Noroeste, e quer uma cidade mais justa e igualitária. Para isso, precisa participar de reuniões e movimentações pela cidade.
“Mangues” é um caiçara da Ilha Diana que está disposto a ajudar esses e outros personagens, com caronas em sua canoa pelos rios, mar e canais da cidade.
Já “Mangus” é um milionário que só pensa nele mesmo, no seu dinheiro, e anda com seu carro importado pela cidade atrapalhando o objetivo dos outros personagens. É o grande vilão.
Esses são alguns dos personagens do Jogo “A Ilha do Caos”, criado durante o Circuito LABxS (Lab Santista). Ele foi idealizado por Ricardo Grillo que inscreveu o “Projeto Jogo Santista” na chamada pública do Instituto Procomum.
Trata-se de um jogo que reproduz de maneira lúdica o mapa da cidade de Santos, abordando questões ambientais e de direito à cidade. De maneira semi-cooperativa, todos os jogadores jogam contra o vilão Mangus, que representa o poder do dinheiro sobre a cidade.
Cada personagem tem pequenas missões e circula por locais importantes para a cultura, ecologia e história da cidade. Os personagens podem ajudar uns aos outros e também contar com caronas e super poderes do “Mangues”, caiçara da Ilha Diana, que luta pela preservação ecológica da região.
Além disso, existem cartas que alteram a rotina do jogo com fenômenos da cidade, como chuvas fortes, alagamentos, ressacas e acidentes ambientais.
O jogo também conta com uma linha do tempo com fatos históricos. Toda vez que um jogador cai em uma casa com essa marcação, tem que adivinhar qual o momento histórico de determinado acontecimento da cidade – como, por exemplo, o último poema de Pagu publicado no jornal A Tribuna.
Colaboração fora do tabuleiro
Mas a cooperação do jogo não está restrita ao tabuleiro. Ricardo Grillo explica que até agora o jogo teve cerca de oito co-criadores mas quer que esse número cresça.
“O processo foi, está e vai continuar totalmente colaborativo. A ideia é expandir e ampliar. Quero que as pessoas tenham o jogo em casa e possam criar, recriar e transformar a dinâmica”, explica.
O jogo teve diversas rodadas testes na qual os participantes podiam dar sugestões de melhoramento, jogabilidade e equilíbrio do jogo. Elas aconteceram no espaço Dínamo da Unimonte e na Taverna Geek, local frequentado por entusiastas de games, RPGs e jogos de tabuleiro.
Alexandre Higa, educador e trabalha como desenvolvedor de board games. Ele nasceu em Santos, estudou história e acredita que o jogo pode ajudar a repensar a educação. “Pensar em uma educação lúdica atrai os jovens e pode competir com toda a informação vinda da internet e bancos de dado. Hoje, professor tem que ser um mediador diferente, tem que trazer novidade para os jovens”, reflete.
O entusiasta e criador de jogos também lembra que não é comum existir jogos com temáticas regionais. “Por apresentar temáticas exclusivas de Santos, o jogo torna-se inovador para o estudante. Normalmente se cria um jogo de urbanização com temáticas genéricas. É bem interessante regionalizar um jogo”, avalia.
Outra colaboradora do jogo foi Sofia Shitinoe, que realizou a digitalização do tabuleiro e criou a identidade visual dos personagens.
Para Ricardo Grillo o número de colaboradores tem que aumentar. “Agora vamos ter um jogo sobre nossa cidade. O jovem vai poder ter contato com a história da cidade, ecologia e politica. Sem querer vai estar aprendendo e despertando a curiosidade. Quero que o jogo desperte o gosto pelo conhecimento”, comenta.
Em breve, todo material será disponibilizado na página do Projeto Jogo Santista e qualqeur pessoa que tenha acesso a uma impressora poderá imprimir sua versão do jogo.
Já existe uma versão disponível para educadores interessados em utilizar o jogo em sala da aula que pode ser retirada diretamente com o idealizador do projeto.
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