querido amigo manoel,
perdona a demora em te mandar notícias. cá por baixo já são 120 dias de quarentena. nesses últimos o sol parou no meio, temos dias claros. a cada um deles um tom se agita no céu, e meu corpo também. estou morando em santos há 60 desses 120. eita, não se coloque surpreso, é que estou transida de amor.
inspirada em ana cristina, decidi sacar minha alma e carne para recobrar corpo e mente. então já em janeiro o vento me puxou pra essas bandas e me encantou com a cor do mar. nele moram peixes raros de asas que ensinam sobre a importância da razão e do coração. às vezes tocando o céu, por vezes tocando a terra. cada qual com suas histórias e sabedorias que preenchem o mundo tornando a existência nele mais bonita e leve. estou contente vivendo perto das águas que eles habitam. aqui eu posso “ensalmar”, amo essa palavra porque ela fala sobre a cura através da reza e do mar. transformei em verbo.
uma vez fomos passear na “ilha diana”. cantamos, dançamos e também por lá escrevi sobre os misteriosos pássaros que a habitam:
“existe uma ilha ardente de pássaros vermelhos
e é só quando se anuncia o fim de tarde que a revoada chega
embaralhada com o lusco-fusco do céu
acrobacias aéreas
rasantes intensos
movimentos das águas
e os pássaros
de pequenos amores cintilantes.”
o que achas?!
maneco, estou ensalmada por eles. os peixes e os pássaros.
bom, fico por aqui. me mande notícias logo porque saudade não preenche vazio.
com carinho,
tua amiga.
ps: o peixe é uma releitura livre que fiz de um desenho da hilda. cara de pau, tu dirias…
Comente