Todo House é Afrohouse

Caso você não saiba – com o rumo alterado da história, se você não for de Chicago nos Estados Unidos ou um fã muito assíduo de música eletrônica, você provavelmente não sabe – o mano da foto aí se chama Frankie Knucles. Ele, que nos deixou no ano de 2014, é conhecido como o “Deus do House” e, realmente, pode ser visto como um criador do gênero.

Foi no clube Warehouse em Chicago, de 1977 a 1982, que Knucles mixou em seus toca discos o soul, a disco, o início do rap e outros gêneros cheios de batidas e grooves marcados.
Com essa mistura, o nome e a sonoridade do House vieram ao mundo.

Knucles era um homem preto e homossexual. E a cultura e a população que produzia e dava nome ao movimento, inicialmente, eram predominantemente homens e mulheres negras LGBTQ.
Esse cenário de movimento musical como libertação e forma de expressão não é exatamente o que vemos quando pensamos no House e na música eletrônica, suas lógicas e espaços de consumo e apreciação nos dias de hoje e no seu acesso ao mainstream.

Anualmente, grandes festivais de todo o mundo reúnem públicos enormes e ganhos imensuráveis, levando uma abordagem da música eletrônica e do House completamente embranquecida e que por nenhum momento se preocupa em contar ou ao menos conhecer sua verdadeira história e exaltar pessoas e narrativas que tornaram sua existência possível.

O House e sua criação estão intimamente ligados à uma nova maneira de produzir música e sonoridade que surge com o movimento hip-hop durante os anos 80 e 90. A sobreposição de batidas com samples e a utilização de instrumentos digitais e sintetizadores é, essencialmente, fruto de um pensar musical preto e hip-hopeano, que se perde na história em meio à desinformação e apropriações.
Podemos encontrar em muitas música de House e Hip-hop, a utilização dos mesmos samples, como em “Evenflow”

Nessa faixa, do produtor Hanna, o principal sample usado é o mesmo de um clássico do hip-hop, “Players”, do Slum Village:

Dentre muitos subgêneros oriundos do house-mistura de Knucles e outros DJ’s da época, se populariza nos anos 2010 o gênero chamado “Afrohouse”, que visa de certa forma resgatar a origem negra do ritmo, adicionando e reafirmando sonoridades ainda mais características do povo preto e da diáspora do ocidente.

Mas, por aqui, deixamos as redundâncias a parte…

Todo house é AFROhouse.

960 657 Editor
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