#Colaboradora: Metodologias do empreendedorismo periférico são as ferramentas para vencer os novos desafios

A Colaboradora – Empreender e Transformar é um programa de formação realizado pelo Instituto Procomum. Destina-se a apoiar empreendedores da economia criativa e que causem impacto social na Baixada Santista. Em sua segunda edição, realizada entre junho e novembro de 2020, os empreendedores selecionados por chamada pública participaram de um percurso formativo que incluiu oficinas, experiências vivenciais virtuais e mentorias

Justamente no ano em que Santos receberia a Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da UNESCO com o tema “Criatividade, Caminho para a Igualdade”, a pandemia do novo coronavírus e a necessidade do isolamento social impediram a realização de uma série atividades presenciais. Um ano que era de muita expectativa para os empreendedores e criadores da região acabou tornando-se um ano de crise e insegurança.

Em um país onde o auxílio para os mais necessitados demorou a chegar, os pequenos empreendedores ficaram à deriva. E os empreendedores periféricos e de impacto social em cheque. Afinal, são praticamente inexistentes as políticas públicas destinadas a esses grupos.

E a organização da Colaboradora – Empreender e Transformar viveu seu desafio particular. Afinal, o projeto já estava aprovado e teria que ocorrer no contexto da pandemia ou ser adiado.

Como criar um ambiente de trocas e aprendizados sem a possibilidade do encontro? Como criar soluções efetivas para um momento tão delicado, de agravamento das crises?

“Foi uma decisão difícil, mas entendemos que seria importante realizar o projeto, apesar de todas as incertezas. No momento, entendemos que poderíamos dar apoio aos empreendedores em um momento tão sensível, a partir das formações e da formação de rede”, comenta Simone Oliveira, coordenadora da Colaboradora – Empreender e Transformar.

As atividades do percurso formativo tiveram que ser adaptadas para o ambiente online, o que não impediu o desenvolvimento do projeto. Em cinco meses, foram realizadas 25 oficinas, entre mentorias, formações e atividades abertas, totalizando a carga horária de 107 horas via plataforma virtual.

Os encontros eram realizados semanalmente, sempre às terças e quintas-feiras.

Nas mentorias, os participantes foram divididos em seis grupos. Cada mentor ficou responsável por quatro empreendedores, realizando encontros mensais, organizados de acordo com o segmento de atuação: moda e beleza; gastronomia; negócios de mulheres; comunicação; gestão de espaço ou evento; design e sustentabilidade.

As atividades formativas abordaram temas como empreendedorismo criativo e de impacto, empreender na Baixada Santista, descoberta de cliente, propósito do negócio, gestão financeira e pessoal, marketing, estratégias digitais, planejamento estratégico, entre outras. Duas vezes por mês, os empreendedores também eram convocados a realizar atividades práticas e em grupo – para pôr a mão na massa, onde desenvolviam os conteúdos aprendidos nas oficinas.

Também eram realizadas mensalmente uma atividade aberta de tema transversal no YouTube, ampliando o debate e abrindo os conhecimentos para todo o público.

Ao final da jornada, 13 empreendedores atingiram 70% de presença e receberam a certificação.

“NOSSO OBJETIVO AGORA É REUNIR E PROMOVER TROCAS CONTINUADAS ENTRE OS PARTICIPANTES DAS DUAS EDIÇÕES DA COLABORADORA – EMPREENDER E TRANSFORMAR. COMO ELES JÁ PASSARAM PELA FORMAÇÃO, A IDEIA É PODER CONTINUAR APOIANDO O EMPREENDEDOR, AFINAL, SÃO MUITOS OS NOVOS DESAFIOS”, COMENTA SIMONE OLIVEIRA.

A coordenadora do projeto também conta que um fator decisivo para o bom andamento das atividades online foi a possibilidade de dividir os participantes em pequenos grupos dentro da plataforma virtual. Afinal, em grupos maiores, principalmente online, existe uma tendência que algumas pessoas falem mais que outras. A mescla entre atividades para todo o grupo e com grupos menores foi essencial, porque, assim, todos são estimulados a participar.

“CRIOU-SE O SENTIMENTO DE PROXIMIDADE, APESAR DA DISTÂNCIA. PELA MANEIRA COMO AS OFICINAS FORAM CONDUZIDAS, PELA CRIAÇÃO DE GRUPO EM APLICATIVOS DE TROCA DE MENSAGENS. E TAMBÉM POR ATIVIDADES QUE FORAM CRIADAS JUSTAMENTE PARA ESTIMULAR ESSA TROCA. QUANDO FINALMENTE TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE NOS CONHECER PESSOALMENTE, NA ATIVIDADE DE ENCERRAMENTO DO PROJETO, JÁ CONHECÍAMOS BASTANTE O PERFIL DE CADA UM”, DISSE SIMONE OLIVEIRA.

Também foi ativado o banco de tempo para as trocas entre os participantes, o que é parte da metodologia do projeto. Esse banco de tempo funciona como uma contrapartida. Os participantes selecionados não “pagam” para o Instituto Procomum pela formação, mas sim trocam serviços entre eles. Em um momento tão delicado, soluções como essa podem contribuir para que uns apoiem os outros, articulando demandas a interesses e práticas comuns.

“No fim, entendemos que realizar as atividades, mesmo de maneira online, foi uma decisão acertada. Isso porque a Colaboradora – Empreender e Transformar não está em um lugar delimitado dentro dos conceitos tradicionais de empreendedorismo e administração. O conteúdo dialoga com o empreender periférico e a metodologia é aberta à escuta e as demandas de cada um. Todo o programa foi adaptado à nossa identidade e à escuta”, explica Simone.

Nas vivências e saberes de outros empreendedores periféricos, compiladas a partir de suas próprias histórias e fazeres, foram desenvolvidas metodologias para viver, sobreviver, resistir e vencer. E nesse caldo que a Colaboradora encontra as ferramentas para que outros empreendedores periféricos também possam desenvolver sua potencialidade e seguir girado a roda da história, mesmo nos momentos mais difíceis.

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