Vivemos em uma época com mudanças ambientais sem precedentes que ameaçam a vida na Terra. Como podemos criar narrativas que nos tornem mais sensíveis à complexa teia de vida que cobre nosso planeta? Como podemos desenvolver modelos para formas novas e menos prejudiciais de viver e de fazer arte?
No sábado (12/12), aconteceu o lançamento da plataforma internacional Meander– um projeto coletivo e internacional de colaboraçaão em arte e meio ambiente. O Instituto Procomum é uma das iniciativas convidadas com os coletivos Ensayos (Chile/França/EUA) e ODD (Romênia/India). A plataforma é uma iniciativa do Coletivo Meander- Sociedade para o Pensamento Ecológico e a Prática Artística (Noruega/Dinamarca).
O Instituto Procomum trabalhou em parceria com a pesquisadora e criadora Marina Guzzo (@ninaguzzo) (UNIFESP) e os artistas Andrey Haag (@andynacksag), Calú Narcizo (@calunaticas), Victor Marinho (@victormnsousa) e Fixxa (@fixxabrasil) – na tentativa de criar uma pequena comunidade de uma “cidadania (translocal) baseada na açaão local com consciência planetária”.
O Meander aconteceu via compartilhamento e produção de obras a partir de consignas ou scores – uma instrução, um desafio artístico sempre relacionado ao tema do meio ambiente. As produções foram materializadas em diferentes linguagens e estão disponíveis em http://meanderinternational.org/.
Segundo Georgia Nicolau, diretora do IP e articuladora do projeto, o comum nasceu é a principal missão, valores e práticas dentro da organização. que sempre foi realizada de maneira local e translocal. Por isso, a própria essência do projeto de artes relaciona-se com a essência do Instituto Procomum. “Como podemos atuar localmente, com nossas redes em colaboração com outras redes de diferentes países. Não poderia ser diferente. Realmente acreditamos na união dos saberes e práticas de diferentes comunidades. É a partir das singularidades de cada um que vamos achar territórios comuns. Não somos iguais, temos diferentes historias, repertórios e privilégios e quando apresentamos essas diferenças, construímos o comum”, comentou a diretora do IP.
Nina Guzzo, pesquisadora da Unifesp e artista, comentou que a crise ambientalista global é um dos aspectos centrais da colonização econômica do mundo. “Foi muito bom escutar das colaboradoras europeias que elas estão atentas às politicas do norte contra os países do sul. Gosto de lembrar que foi o processo colonial que criou o conceito de que a natureza está separada da cidade – como se as pessoas vivessem em bolhas plástico e de carros, distantes da natureza, como não fossem parte da mesma biosfera. E, em Santos, essa contradição aparece de maneira enfática: temos muita riqueza natural, do mar e da floresta de mangue, dos rios, do movimento da água e, por outro lado, toda a poluição do consumo e do porto”,disse durante o lançamento da plataforma.
A artista comentou que boa parte de sua pesquisa e produção cria uma oposição estética e criativa a esse conceito de separação. Até porque, o hipercapitalismo e a poluição invadem toda a biosfera. “Toda a natureza é tocada e invadida pela mão do ser mão humano, seja pelo plástico ou pelo petróleo, que destrói e se espalha por cada partícula da natureza. Vivemos e vemos isso todos os dias, e nosso trabalho é a possibilidade de criar novas imaginações para conseguir transformações”.
Sobre o lançamento da plataforma
MEANDER International Platform é uma plataforma online onde membros de quatro coletivos e iniciativas de diferentes partes do mundo se reúnem para compartilhar ideias e questionamentos sobre nossa relação com o meio ambiente e os seres vivos.
A plataforma internacional MEANDER foi iniciada pela Sociedade MEANDER para o Pensamento Ecológico e a Prática Artística (NO / DK) em 2019 e está sendo desenvolvida em colaboração com os coletivos Ensayos (CL / FR / US), Instituto Procomum (BR) e ODD (RO / IN) )
Conheça os coletivos participantes
Ensayos é uma prática de pesquisa coletiva iniciada no arquipélago da Tierra del Fuego em 2010. As metodologias de pesquisa de Ensayos são voltadas para a resolução de problemas surgem do delírio arquipelágico e são caracterizadas por sua sensualidade e precariedade. Com base nas iniciativas de conservação existentes na Tierra del Fuego (WCS Parque Karukinka, Caleta Maria e a Selk’nam Corporation Covadonga Ona), Ensayos persiste em práticas experimentais que enredam métodos artísticos e de ciências sociais com os esforços de pesquisa ambiental já em andamento. Embora Ensayos tenha primeiro se concentrado exclusivamente nas questões ecopolíticas que impactam o arquipélago Fuegian e seus habitantes – passado e presente, humanos e não humanos – agora, outros arquipélagos estão à vista (Noruega, Austrália, Nova York e Sri Lanka). Ensayos (que, além de ensaio, pode significar pesquisa em português) é um exercício global em formas emergentes de ética ecocultural.
https://ensayostierradelfuego.
O Instituto Procomum (IP) é uma organização brasileira sem fins lucrativos que tem como missão atuar para reconhecer, fortalecer e proteger os bens comuns, criar novos arranjos comunitários e prevenir processos de enclausuramento por ações privadas e estatais. É, portanto, uma missão política, baseada na crença de que o mundo atual nos pede a emergência de uma “cidadania (translocal) baseada na ação local com consciência planetária”. Eles são uma instituição-plataforma que fortalece outras organizações. O Procomum tem buscado cumprir essa missão por meio de um conjunto de ações que seguem três princípios: aprender a sonhar novamente, escolher com quem atuar; e trabalhar com objetividade.
A ODD foi fundada em 2014 em Bucareste, alicerçada no imaginário romeno e procurando agir sobre o mundo. Enquanto espaço de discussão teórica e encontros sociais de todos os tipos, acolhe artistas, escritores, pesquisadores, filósofos, cientistas que iniciam discussões, workshops, grupos de leitura, ou se tornam parte de uma das séries longas: ODD THEORY, ODD NIGHTS ou QUIET ODD. Sua fundadora, Cristina Bogdan, é uma pesquisadora que escreve para várias publicações e editou livros sobre arte, teoria e design. Atualmente, ela está desenvolvendo, junto com Mriganka Madhukaillya, o estúdio de pesquisa e design Forest Cybernetics, em Assam, Índia.
MEANDER – Sociedade para o Pensamento Ecológico e a Prática Artística foi fundada na Noruega em 2018 pelos artistas Kjersti Vetterstad e Randi Nygård juntamente com os colegas artistas Geir Tore Holm, Søssa Jørgensen e a arquiteta Kristin A
A PLATAFORMA É APOIADA PELO ARTS COUNCIL NORWAY.
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