Grave um nome devagar


Nair Benedicto, Tesão no Forró do Mário Zan, São Paulo, 1978

Pra além de todos os saberes populares, fazer devagar continua ser fazer mais gostoso. E entre tantos processos e objetivos, e a sensação de que não temos mais tempo pra nada com o tempo que temos, não tem nada mais inovador que interromper esse ciclo. Se a vontade é o que nos leva a fazer as coisas, e a intenção é o que a direciona, o tempo é a forma como essa energia se dissipa. Desligando o tempo-corrido ao criar alguma coisa, cozinhar um almoço ou atender qualquer tipo de necessidade , é o que faz com que o efeito daquilo que foi criado seja maior, no sentido de transformação.
Se todos somos energia e elemento, como ying e yang, sol e lua, dia e noite, fogo e terra, somos também capazes de ser o tempo que vivenciamos, ser eterno enquanto dura é a técnica preferida do faquir do amor, o domínio dos cinco sentidos vem pelo excesso e não pela falta, se dissolver no momento. Existir por demais.
Como o Sol, como o barro ou como a própria música. Eternos em ser nós mesmos, ignorantes em relação aos horários, aos prazos, teimosos em ser imperfeitos e em demorar o quanto quisermos. Na busca do long-love devagar quase parando, do amor sem celular, do beijo confuso e do dente no dente.
Como nos canta Jards Macalé, com as mãos frias mas com coração.

1803 1200 Editor
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