Conheça os projetos desenvolvidos no LAB Mudanças Climáticas, parceria entre Instituto Procomum e Conselho Britânico.
Entre as muitas crises e impasses da humanidade, certamente, as mudanças climáticas são um dos principais desafios globais. Um problema complexo que tomou a agenda central dos principais governos mundiais.
Por aqui, acreditamos que a saída para a crise pode ser apontada pelas próprias comunidades e territórios que vivem esses impactos. E que existe muitas soluções nas comunidades e territórios para problemas complexos. E que é possível acessar essas tecnologias e soluções a partir da sistematização, do cuidado, entendimento e da escuta.
E e o nosso jeito de fazer pressupõe a articulação local e internacional, a prática e o fazer. Mais do que isso, essa é uma maneira de conhecermos melhor os territórios, inclusive os que estão ao nosso redor. E as comunidades são as protagonistas desse fazer.
Por uma sustentabilidade popular
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Eco Maré
Território: Complexo das Favelas das Marés
Ativadores: Juliana de Oliveira Cunha , Maria Michele Gomes, Orlando Lira , Juliana Machado
Os integrantes do grupo são moradores das favelas dos 16 complexos, o que abrange a diversidade do próprio grupo. Eles realizaram duas ações: Minha Plantinha e Favela Eco (quando distribuíram 300 kits ecológicos como escova de bambu e canudos de aço inox).
Segundo o grupo, quando falamos sobre meio ambiente, também falamos sobre o capitalismo. Quem tem dinheiro para comprar produtos sustentáveis?O que é ser sustentável? O pote de manteiga, reaproveitado, não é sustentável? É necessário comprar? O pote de requeijão em uma planta não é uma prática, nossa, e sustentável?
Sim, o grpo distribui informação e repassou seus conhecimentos, mas também foi pautada pelas práticas já realizadas em seu entorno.
No Minha Plantinha, o grupo tinha como objetivo a criação de mais áreas verdes e mais áreas de lazer no complexo para as famílias. Com a pandemia, o grupo encontrou dificuldades em realizar os mutirões para o plantio de áreas verdades. E decidiram desenvolver uma ação, aberta em uma rede social, para preenchimento de um formulário e recebimento de uma muda de planta. Eles distribuíram mudas para os inscritos que podiam planar em suas próprias casas e entorno.
Ou seja, o grupo decidiu investir na criação de microclimas na casa das próprias pessoas e na aproximação delas com o tema. O grupo também apostou na biodiversidade e a escolha das espécies se dava de acodo com a experiência delas com o manejo de plantas – as mais fáceis de manter foram levadas para os iniciantes e as que requerem mais trabalho, para os mais experientes.
O grupo segui a lógico do: nós moradores, fazendo algo pelos moradores da região. Entendendo o dinamismo e a diversidade, dentro de um pensamento estratégico para a mudança dentro do que é possível ser realizado. Como exigir mais áreas verdes se muitas vezes as pessoas não tem como plantar? As ruas são estreitas, existe pouco espaço público. Assim, a entrega de mudas, aproximou a população do tema e tornou-se um ponta pé inicial para mudança, simples e de baixo custo.
Protagonismo cidadão + Rede de cuidado e proteção= Inovação cidadã e promoção do comum
Sustenta Graffiti
Território: Vila Margarida, São Vicente.
Ativadores: Taynara Gois Dias e Dener Marcos Xavier (Instituto Chegados)
O grupo queria atacar a problemática do descarte irregular de lixo na frente da escola pública do bairro. Local onde existia contastes fogueiras e os estudantes e comunidades da escola sequer podiam caminhar pela sua calçada, localizada na avenida principal e com muito movimento. Outro problema identificado pelo grupo é que a região não possuía área pública de lazer e de convívio, que sempre se deu nas esquinas e nas casas.
O próprio bairro nunca teve uma praça.
Assim, o grupo decidiu atacar os dois problemas com o projeto. E como eles sempre trabalharam próximos ao grafitti, decidiram que essa seria uma boa iniciativa para iniciar os trabalhos. Em contato com a Prefeitura, foi feito uma primeira limpeza da calçada e depois o grupo articulou uma ação com 38 grafiteiros dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e também artistas indígenas.
O grupo lembra que ação foi importante porque deu força e reforçou a crença de que é possível, com a união dos dos moradores, jovens, transformar o bairro a partir de pequenas ações e ideias.
Agora, o desejo é transformar o bairro em um destino turístico e cultural. E a pracinha, como principal ponto de referência e encontro. Assim seguimos com o Chegados, juntos.
Entre a legalização e a ação-direta: a prática, o fazer e o propósito3
Passeio de REconhecimento 2.0
Território: Sepetiba-RJ.
Ativadores: Gabriel Braz de Oliveira (Ecomuseu de Sepetiba)
O problema identificado pelo coletivo é que Sepetiba contém espaços em que você consegue enxergar uma nova utilização, como uma trilha abandonada que poderia ser roteiro de ecoturismo da cidade. Ou espaços para criação de hortas comunitárias.
O grupo encontrou dificuldades em realizar as ações na trilha por questões jurídicas. Mas a ideia é seguir mobilizando na área. Para a ação da criação da horta/canteiro na frente da praia, o grupo também enfrentou dificuldades, por querer realizar tudo dentro da legalidade. Com as pesquisas, descobriram que existe um processo público para adoção de praças, mas esse espaço não constava na lista disponibilizada pelo poder público. E nenhum órgão conseguia resolver o impasse.
O grupo, cansado de esperar, resolveu realizar um mutirão. Durante o andamento do projeto, o poder o público se sensibilizou com a ação e eles conseguiram o aval da Prefeitura que já dá o respaldo inicial para as atividades.
A mata-atlântica resiste na cidade que já foi a mais poluída do mundo
Território: Pinhal do Miranda, Cubatão-SP
Ativadores: Ariane Clímaco, André Luiz e Ferreira Costa
A proximidade de São Paulo e do Porto de Santos, fez de Cubatão, o maior polo industrial do Brasil. E o bairro do coletivo é desses locais que surgiram com o crescimento da população e demonstram a desigualdade social da cidade. Idealizado por André XXX, o Coletivo Novo Paraíso é um centro cultural, um local de encontro e afeto. O pequeno comércio de seu pai foi transformado em uma biblioteca e recebe diversas atividades, desde festas, shows, cursos, oficinas, passeios turísticos, eventos esportivos. Toda a potência do bairro. Todas as possibilidades que é possível sonhar.
Durante a ação, o grupo realizou uma oficina de confecção de skates com material descartado. O esporte é muito praticado no bairro e muitas crianças não conseguem manter um skate devido a alta dos preços. A confecção dos carrinhos mostra as possibilidades da reutilização e atende uma demanda e interesse dos jovens.
Também foi realizado o plantio de mudas nativas no canteiro central do bairro. Afinal, a Mata Atlântica sobreviveu à todos os ataques da industria. E, se depender do Novo Paraíso, seguirá assim. Resistindo.
Para a defender um comum, é preciso protegê-lo
Território: Aldeia Tekoá Kwaray (Peruíbe)
Ativadores: Mari Polachini Renan dos Santos
As margens da aldeia já está o bairro, basta atravessar a rua. Por sua localização, existem uma série de moradias que invadiram a área indígena, que já está na região há muito tempo e nunca houve intervenção, transformando-se em um bairro, que continua avançando em direção à aldeia. Existem um série de imóveis dentro da área indígena.
A região também recebeu por mais de 40 anos a extração de areia, que formou algumas lagoas e são utilizadas por turistas e moradores como área de lazer. Infelizmente o acesso se dava sem nenhum tipo de mediação e causando diversos danos, como a entrada coma automóveis, som alto e são deixados sacos e sacos de lixo nos feriados e finais de semana de temporada, que os próprios membros da aldeia juntam-se para retirar. Muitas vezes, os guaranis da aldeia sofreram intimidações do turismo predatório.
Para solucionar a questão, o projeto prevê a criação da base receptiva três lagoas com capacitação dos moradores e criação de estruturas básicas, como banheiro seco, para atender os turistas.
Para realizar os primeiros passos rumo ao turismo mais amigável, a comunidade decidiu restringir o acesso. Um cercamento para proteção e defesa da comunidade. Para que seja possível a realização de uma inauguração com planejamento e tranquilidade, que servirá também de renda para a aldeia.
Renan, uma das lideranças da comunidade,, explica que há tempos eles tentavam de alguma maneira restringir o acesso as pessoas que não respeitavam e destruíam a terra indígena. Foram muitas as tentativas, inclusive, espirituais.
“Meu sonho sempre foi fazer isso, mas não conseguíamos colocar uma boa cerca, nem apoio. Ñhanderu nos encabeçou e hoje estou muito alegre e agradecido. O Cacique e minha mãe, anciã da comunidade, também estão muito felizes.
Agora, poderemos receber somente as pessoas interessadas em conhecer a nossa cultura, tradição e vivência. Muitas pessoas jpa conhecem a nossa realidade e sabem que estamos próximos da cidade. Tivemos que fazer essa estrutura para a nossa segurança e para a segurança das pessoas que vamos receber. Fico agradecido de coração. Agora é terminar o que falta, Melhorar a nossa estrutura e começar a receber as pessoas.
Os testemunhos do aquecimento global
Observatório Jovem de Mudanças Climáticas
Território: Santos-SP
Ativadores: Adriano Liziero /Brenda Mendonça
As mudanças climáticas são uma realidade. Um consenso científico. E as cidades costeiras vivenciam alguns desses impactos. O documentário Alagados, conta com depoimentos de diferentes testemunhas na Baixada Santista sobre o aumento das marés. Os idealizadores, Brenda Mendonça e Adriano Liziero, decidiram coletar os testemunhos a partir de realidades distintas, de diferentes idades e bairros da região. São relatos pessoais sobre o que vem e como se sentem em relação a essas mudanças.
Mas obviamente, falar sobre as mudanças climáticas e o aumento do nível do mar é um projeto ambicioso. Especialmente quando falamos de comunidades em vulnerabilidade, como os moradores de palafitas.
Mas o ponto principal do projeto é entrar em uma mentalidade de resiliência e adaptação a um problema climático que já acontece e nos impacta. Ações que podem partir das comunidades, mas que precisam de trocas com governos e outros atores que podem realizar mudanças estruturais, para estabelecer-se outras alternativas de resiliência sobre o problema.
Pelo isolamento social e segunda fase da pandemia, o grupo decidiu realizar as entrevistas à distância, que foi publicado no formato de teaser. No vídeo, o grupo trabalhou com aúdios de Whats App de pessoas de diferentes regiões, faixas etárias – o que evidenciou como essa percepção muda de acordo com a idade ao dia-a-dia delas.
Por uma ciência afetiva, de baixo para cima e que entenda o tempo da terra
O projeto antes de mais nada possibilitou trocas. Por ser realizado entre não indígenas e indígenas, levar tecnologias (afetivas e solidárias) para uma comunidade Guarani, é, antes de mais nada, aprender com eles.
O projeto levou tecnologias faça-você-mesmo e/ou – bricolage que teve uma composteira, minhocário, aquecedor solar de baixo custo e um biodigestor que transforma resto de comida em gás de cozinha e fertilizantes, um digestato que contém minerais.
Com a pandemia, o projeto foi adaptado para que as estruturas fossem construídas fora da aldeia, começando pelo minhocário e composteira que foi colocado ao lado na escola da aldeia, onde todos os projetos foram levados, discutidos durante as aulas.
A aldeia também passa por um momento de expansão e trabalho da terra, que já possuí plantio de palmito pupunha. E a ideia e expandir para outros plantios e também de tornar a área turística. E todos as ferramentas levadas pelo projeto também serão parte desse roteiro turístico.
O biodigestor e o aquecedor solar de baixo custo também vão ganhar manuais traduzidos em Guarani, para impactar outras comunidades vizinhas. O projeto está em fase inicial, até porque, precisa esperar o tempo da terra.
A educação popular defesa da vida; a construção e o fortalecimento
O Coletivo Planta Sonhos co-desenvolve projetos com diversas comunidades Guaranis desde 2016, trabalhando especialmente a permacultura e a educação popular.
Para o LAB Mudanças Climáticas, o grupo preparou um curso de língua Guarani M’Bya realizado de maneira virtual. O curso teve alta procura com mais de 100 inscritos e foram selecionadas 30 pessoas para participar dos encontros.
A língua é o principal ponto de resistência da cultura Guarani. Uma resistência que se faz pela educação e alfabetização das crianças. Elas aprendem o guarani como língua materna, o que mantém a cultura viva e enraizada. O curso foi uma verdadeira imersão na cultura, ao qual a língua foi uma ferramenta para o vínculo entre os participantes e os mentores Guaranis.
Também foi realizada a Construção da Casa de Cultura Guarani e Cozinha Comunitária na Tekoa Tangará, construção para da Casa de Saúde Guarani, na Tekoa Mirim (Praia Grande)..
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