Texto de Marina Paes, Gerente Educacional do Instituto Procomum
Entre 27 e 29 de junho de 2022 estive em Belo Horizonte/MG participando de 2 encontros: o III Seminário Iberoamericano de Economia da Cultura e o Crowdcul, fórum de apresentação do projeto internacional (norueguês) de pesquisa sobre financiamento coletivo.
Ambos os encontros se conectam diretamente com uma das principais implicações do Instituto Procomum: a busca por alternativas econômicas.
Parte de nosso DNA está aí, em discutir sobre recursos, mas, sobretudo, em distribuí-los, sejam financeiros, humanos, e outros que identifiquemos, passíveis de serem compartilhados. O Fundo e outras iniciativas nossas com refinanciamento são algumas dessas forças motrizes.
Duas outras questões levantadas no seminário e que também são aspectos cruciais do nosso trabalho foram sobre território e escala/dimensão no setor cultural.
A importância do olhar para as dinâmicas criativas existentes em um dado território, prática tão cara aos nossos processos no IP e cuidado frequente diante de nossa perspectiva de atuação na Bacia do Mercado, região onde estamos baseadas. Em especial a Colaboradora Artes e Comunidades, nosso programa já na 4ª edição, orbita esta questão, uma vez que artistas participantes virão a realizar protótipos artísticos em articulação com o território.
Outro ponto levantado foi o fato de que no setor cultural as pequenas iniciativas são as que virão a alimentar grandes eventos ou ideias (e elas próprias podendo se tornar grandes, economicamente falando). Exemplo disso é o carnaval, os desfiles de todo ano em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo que, em grande medida, bebem da criatividade que pulsa em cada comunidade que, amiúde, não é valorizada como deveria/poderia. E em nosso cotidiano convivemos a todo tempo com essas pequenas (grandes iniciativas) da Baixada Santista, de centenas de criativas que estão envolvidas em nossos projetos, grupos de trabalho e demais atividades.
Já no crowdcul conversamos em larga medida sobre o financiamento coletivo como meio para fortalecimento e aproximação de artistas e fazedoras em geral de seu público; uma ferramenta política que foca na potência e não na carência, que mais do que pedir dinheiro, nutre comunidades. Para isso é importante que quem encampa uma campanha se envolva em todo o processo criativo e invista na comunicação com suas apoiadoras.
A Economia da Cultura é um vasto campo, com muito a se desenvolver no Brasil e, nesse contexto, encontrar alternativas econômicas sustentáveis é um imenso nó que temos como desafio em um cenário de desigualdade absolutamente evidente. A possibilidade de estar em arenas de discussões como essas apontam possibilidades e fortalezas para essa busca tão urgente por irrigar a criatividade pulsante de tantas parceiras, parceires e parceiros.
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