Evento reúne autoridades da AL para debater Economia do Cuidado

No dia 09 de junho de 2023 aconteceu o evento “O Cuidado no Centro do Futuro da América Latina”, um evento para discutir Cuidado como incidência política que aconteceu no auditório Manuelita da Universidade ICESI em Cali na Colômbia em meio a programação do LA Cuida. O espaço foi arena para a conexão entre participantes, convidados, colaboradores, proponentes e articuladores. Um evento feito por e para mais de 100 mulheres potentes provenientes de Brasil, Chile, Uruguai e Colômbia. As mesas seguem disponíveis no link.

 

O evento foi uma realização do Instituto Procomum em parceria com a Universidade ICESI, Coletivo Etinerâncias, Extituto e Observatorio para la equidad de las mujeres – OEM, Artemísias, Friedrich Ebert Stiftung, Solidarity Center, Think Olga e Impulsa. Claudia Naranjo, uma das mobilizadoras de comunidade articuladas pelo LA Cuida, foi a mestre de cerimônia ao lado de Lia Lopes, Gerente do LA Cuida. 

 

As 3 mesas foram compostas por Natalia Moreno (COL) – Gerenta del Sistema Nacional del Cuidado de Colombia, Claribed Palacios García(COL) – Presidente de USTRAD (Medellín), Georgia Haddad Nicolau (BRA)- Diretora do Instituto Procomum, Rosilene Cristina Rocha (BRA) – Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte, Adriana Saavedra Fuentes (CHI)- Directora de Desarrollo Económico y Cooperación Internacional de Valparaíso, Lilian Celiberti (UY) – Cotidiano mujer, Paola Andrea (COL) – Casa Cultural Chontaduro, Dandara Rudsan (BRA) – Iniciativa Negra (Belém/Pará), Cida Falabella (BRA) – Concejala de Belo Horizonte/MG, Virginia Lais (BRA) – Empoderamiento Económico de ONU Mujeres (caso de Belém/PA), Tania Madriaga (CHI) – Directora de Género, Mujer y Diversidades de Valparaíso, Andrea Apolaro (UY) – Coordinadora de MontevideoLAB, Ofir Muñoz y Maria Lopez Mejía (COL) – Subsecretaría de Equidad de Género de Cali, Luiza Lobato (BRA)- GTI – Secretaría Nacional de Cuidados y Familia del Ministerio de Desarrollo Social de Brasil, Sandra Muñoz (COL) – Solidarity Center, Lina Buchely (COL) – Observatorio de Equidad de las Mujeres/ICESI, Alejandra Trujillo (COL) – Fundación Friederich Ebert Colombia, Juliana Penago (COL) -Agencia de Desarrollo Rural (ADR) Asesora en temas de género y Economía del Cuidado, Noelia Macial (UY)- Coordinadora Nacional Afrouruguaya e Mama Liliana Pechene (COL)- Líder indígena del pueblo Misak – Valle del Cauca. 

 

O tema “Como o Cuidado e o “Vivir Sabroso” mudam a perspectiva das Políticas Públicas de Estado nos países da América Latina?” norteou a abertura. Lia Lopes, abriu sua fala de forma emocionada, lágrimas que certamente são fruto de um trabalho minucioso e coletivo que começou a ser articulado como laboratório em 2022, mas possui raízes fincadas nos primeiros passos da construção do Instituto Procomum, quando duas de suas fundadoras, Lia Rangel e Bianca Santana, promoveram rodas de conversa direcionadas a mulheres. 

 

LA Cuida foi espaço não apenas de encontros, como também de reencontros. Ano passado, parte da equipe do Instituto Procomum, encarregada pela condução do LA Cuida, esteve em contato com o Manzanas del Cuidado, uma organização da prefeitura de Bogotá responsável por fornecer atividades formativas e de bem estar a mulheres do território. Na ocasião, nossa equipe pôde conhecer Natalia Moreno, atual Gerente do Sistema Nacional de Cuidado da Colômbia, que também compôs a mesa do dia 9 representando a vice – presidente Francia Marques que não pôde comparecer devido a agenda atribulada. Natália ressalta que os avanços rumo às políticas de economia do cuidado acontecem graças ao trabalho das organizações de base como as que ali estavam e também conta que recentemente a Colômbia se tornou o segundo país da América latina, após o Uruguai, a ter um Sistema Nacional de cuidados regulamentado por lei. Um enorme avanço para um país que há apenas 72 anos, graças à luta de movimentos indígenas, passou a reconhecer mulheres como cidadãs. 

 

Estes avanços  corroboram com a descolonização da visão de Cuidado e começam a desenhar uma visão do tema a partir da vivência na América Latina.  Natália encerra sua fala pontuando que a sua presença no evento é motivada pelo desejo de escuta, a fim de entender a partir das pessoas e protótipos, as necessidades comunitárias.

 

Claribed Palazos Garcia,  Presidente da União das Trabalhadoras Afrocolombianas,  conta que luta pelo direito das trabalhadoras domésticas e afirma que o Cuidado tem que ser um direito garantido a partir da perspectiva de que todas as pessoas precisarão dele em algum momento da vida e sendo assim, este não pode ser um tema para privilegiados como tem sido até então. “Se você não tem dinheiro, você não pode garantir o Cuidado dos seus filhos, dos seus pais em uma situação de doença por exemplo.” Claribed conclui lembrando que o grande desafio é tornar política uma discussão que tem sido romantizada há anos. 

 

Georgia Nicolau, Diretora do Instituto Procomum também compôs a mesa trazendo a imagem do IP como uma organização que sonha e valoriza a inteligência e a criatividade do coletivo para o bem Comum. Em sua fala, relembra Lia Rangel, Lélia Gonzales, Bianca Santana e a importância da visão dessas mulheres a respeito do Cuidado em solo latino americano. 

 

Após o Flertaço, momento de conexão entre participantes realizado no ginásio da Universidade, representantes das Artemísias trouxeram à mesa questionamentos levantados pela plateia. As provocações levantadas nortearam um segundo momento do encontro no qual aconteceram as mesas simultâneas: “Espacios que cuidan: El cuidado comunitario y ciudadano en la construcción del Buen Vivir” e “¿Cómo se estructuran las políticas públicas de cuidado?”. 

 

Lilian Celiberti, lembrou das mulheres que cuidam duas vezes, em seus ofícios, como faxineiras e babás, por exemplo, e em suas casas.  “Cuidar também exige olhar para a civilidade das pessoas”.

Débora acrescenta que o estado muitas vezes age como agente da produção da escassez  e nós seremos responsáveis por abrir os nossos espaços. 

 

Das falas é possível absorver a necessidade de espaços de diálogo como o La Cuida, posto que trata-se de uma discussão que tem a mulher como principal alvo. No entanto, as políticas são usualmente construídas por sindicalistas homens. Alejandra traz que a discussão é incômoda e urgente. Na Colômbia, mulheres dedicam mais de sete horas de trabalho ao Cuidado e têm pouco tempo para lutar pelos próprios direitos. 

 

Georgia Haddad encerra relembrando que o LA Cuida é uma incubadora do Comum e que o estado com recursos financeiros é o fortalecedor da Economia do Cuidado. A despeito do capitalismo, iniciativas como o LA Cuida colocam a vida no centro. “Buscamos uma vida digna na qual pessoas possam celebrar e estar. A conquista é uma prática diária”.

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