Elas foram organizadas a partir de uma chamada pública e da sugestão dos próprios proponentes.

Este processo é realizado anualmente, a chamada pública foi aberta para pessoas e coletivos da Baixada Santista com a vontade de utilizar o nosso espaço para reuniões, cursos, oficinas, encontros e práticas e/ou desenvolver ideias cidadãs, protótipos e pesquisas em arte e cultura, mudanças climáticas, direitos humanos, igualdade racial, inovação, tecnologia, urbanismo – desde que sejam ideias abertas, colaborativas e que visem a construção de comuns.

Em contrapartida, o LAB Procomum oferece uma  estrutura de 1200 m2 equipado com Espaço de Conhecimento Multimídia (biblioteca, computadores e sala de rádio/produção multimídia); Sala de Tecnologias (Impressora 3D, cortadora a laser, ferramentas e computadores); Cozinha (Fogão industrial e aparatos); Galpão Multiuso (espaço para reuniões e práticas); Galpão Ateliê (ateliê multidisciplinar com marcenaria, artes, estação de solda e máquinas de costura).

Todas as pessoas que se inscreveram participaram de uma plenária para conhecer os protocolos de uso do espaço.

Quem frequenta o LAB sabe que sempre falamos de comunidades de prática. Mas, afinal, o que é isso? Comunidades de prática são ambientes de aprendizagem coletivos, em que seus participantes se reúnem em torno do fazer. Ou seja, um tipo de arranjo em que a gente se junta pra estudar, trocar conhecimentos e executar algo novo.

Conhecemos muitos espaços que frequentamos para conversar e discutir. Pense numa sala de aula tradicional, por exemplo. Ou numa assembleia. São espaços importantes, sem dúvida, mas insuficientes, a nosso ver. Quando agenciamos uma comunidade de prática, não estamos apenas formulando, elaborando ou trocando ideias. Estamos agindo juntos.

As comunidades de prática são, geralmente, formadas por pessoas que compartilham desejos e preocupações comuns, que detém algum conhecimento sobre o tema e/ou que precisam aprender algo para enfrentar um problema. Elas não precisam necessariamente se reunir todos os dias, mas quando se encontram interagem e colaboram entre si.

As comunidades de prática também podem estar em diferentes estágios de evolução. Algumas delas já conseguiram se formalizar e recebem apoio financeiro, inclusive do Instituto Procomum. Outras estão apenas começando. No LAB, a gente lida com todos esses diferentes níveis e estimulamos o surgimento de iniciativas que busquem a melhoria da vida comum, seja por meio da busca da inovação ou da preservação da tradição.

Em muitas das comunidades de prática que se articulam nos laboratórios cidadãos, as pessoas têm a oportunidade de juntas agirem na elaboração de processos de prototipagem e no desenvolvimento de metodologias. Existe um compromisso com a criação de algo em conjunto. E esta criação pode ser material ou um arranjo de conhecimento.

Quando formamos ou integramos uma comunidade de prática, aprendemos não só sobre o tema de nosso interesse, mas também descobrimos como estar em comunidade.

Num mundo onde impera a fragmentação e o afastamento, em que a maioria das instituições estimula a competição, encontramos uma forma de vivenciar a união e a cooperação. Ou seja, o aprendizado é, no mínimo, duplo.

No caso do LAB Procomum, acreditamos que a reunião em torno de um tema ou da produção de um protótipo não é o fim em si. Claro, é super importante produzir respostas e resultados que impactem e melhorem a vida das nossas sociedades. Trabalhamos pra isso. Mas muitas vezes, o que fica é a experiência de aprender a colaborar. E isso não tem volta.

É costumeiro que um grupo se reúna para desenvolver uma traquitana e no processo de fazê-la as pessoas descubram suas diferenças de visão, de abordagem, de conhecimentos. Ao terem que negociar, uma com as outras, a gente não só prototipa, inventa, cria, como também aprende a respeitar a diferença, a conviver com o contraditório, a trocar. Também aprender a desenvolver regras que valham para todes e a cuidar uns dos outros.

A expectativa é que, após integrar uma comunidade de prática de um laboratório cidadão, possamos nos tornar seres humanos mais completos, solidários e generosos. E que essa rede de pessoas passe a se reunir para produzir uma sociedade saudável.

O LAB Procomum, nosso laboratório cidadão, é feito de diferentes comunidades, que colaboram umas com as outras. A gente diz que criou um parque de diversões para quem quer criar algo novo. Temos equipamentos e ateliês, do analógico ao digital, e uma equipe que está sempre atenta para gerar conexões entre diferentes pessoas e iniciativas.

Ao cruzar os desejos e as necessidades dos frequentadores, oferecendo-lhes equipamentos, espaços qualificados e metodologias ágeis, o LAB Procomum promove o fortalecimento da inteligência coletiva do bairro, da cidade, do Estado, do País, do Mundo. Queremos materializar ideias novas e também reconhecer e consolidar boas iniciativas que já circulam há muito tempo mas que quase nunca recebem apoio.

Neste Caderno de Atividades, reunimos todas as propostas que recebemos em nossa chamada pública para Comunidades de Prática do LAB Procomum 2024. Pela primeira vez, separamos as inscrições em diferentes categorias. Isso não quer dizer que uma comunidade é melhor do que a outra. Apenas foi a maneira que encontramos de melhor atender às diferentes necessidades e demandas de cada agrupamento.

Estamos nesse esforço desde 2017 e, no fim das contas, aprendemos muito mais do que ensinamos. Nossas metodologias abertas e participativas têm sido aperfeiçoadas em trocas constantes, não só com os frequentadores de Santos, mas também com agentes de outros laboratórios cidadãos do Brasil e da Iberoamérica. Muita gente contribuiu para que pudéssemos construir um modelo de programação, gestão e operação inovador. Para nós, trata-se de um experimento contínuo, baseado na responsabilidade e na reciprocidade.

Assim, fica aqui o agradecimento a todes que já passaram pelo nosso querido LAB Procomum. Aos que vieram e se foram. Aos que vieram e seguem por aqui. E a todos vocês que chegaram agora e nos confiaram seus sonhos e suas ideias. O futuro, ou será de todes nós, juntos, ou não será. Bora trabalhar que temos uma humanidade para salvar!