LAB Narrativas Climáticas
O sul global no centro das soluções para o bem viver
O Instituto Procomum (IP), associação da sociedade civil brasileira, em parceria com o Surge X Media, organização nigeriana, convidou nossos parceiros e demais interessados para o primeiro encontro internacional Lab Narrativas Climáticas: o sul global no centro das soluções para o bem viver.
O encontro foi uma parceria com a organização de justiça climática da Nigéria Surge Africa por meio do seu braço de comunicação estratégica Surge X e fez parte de uma agenda ampla do Lab Procomum de fortalecimento da agenda de justiça climática na região da Baixada Santista, em São Paulo e do Instituto Procomum de conectar e fortalecer as soluções comunitárias e as institucionalizadas, buscando o exercício da convergência tão necessário neste momento.
O LAB Narrativas Climáticas se deu em dois momentos:
1
Encontro Internacional LAB Narrativas Climáticas que aconteceu entre 19 e 20 de Junho de 2024 no LAB Procomum, em Santos. O encontro foi aberto e gratuito e contou com a participação de convidados da Baixada Santista, das demais localidades do território nacional e da Nigéria.
2
O laboratório cidadão LAB Narrativas Climáticas, um laboratório em formato relâmpago que aconteceu nos dias 21 e 22 de junho no LAB Procomum, em Santos, focado em prototiparmos ideias e projetos.
Sobre as instituições
O Instituto Procomum (IP) é uma organização sem fins lucrativos que existe desde 2016 e está comprometida com a transição para um modelo de sociedade justa, democrática e plural. Fazemos isso apostando na criatividade e na inovação cidadã, no fortalecimento de redes e comunidades e no investimento em novos protagonistas, ampliando assim as possibilidades de uma democracia verdadeiramente popular. Desde 2017 mantemos um laboratório cidadão em Santos, São Paulo, o Lab Procomum. Por meio do LAB Procomum, estamos conectados e mobilizados na direção de fortalecer a cidadania e a qualidade de vida da população da região da Baixada Santista. Desde 2019 estamos atuando, por meio de metodologias de ativação comunitária e de inovação cidadã, com os efeitos da emergência climática, o racismo ambiental e seus impactos na população- notadamente as pessoas que já sofrem com menos acesso a direitos básicos como moradia digna, saneamento básico, e outros.
A partir de experiências prévias, e cientes de que a crise climática veio para ficar e exige uma governança sistemática e intencional para mitigação, adaptação e uma transição de modelo de sociedade, em 2024 estamos construindo uma agenda permanente de formação, articulação e incidência em torno das mudanças climáticas, seus efeitos e na busca de soluções. Saiba mais aqui:
Rede comunitária Justiça Climática
A Surge X Media é uma plataforma de comunicação estratégica que promove narrativas de impacto, movimentos culturais e mudanças de narrativas no sul global. Surge X é um projeto da Surge Africa, uma organização nigeriana com operações em vários países africanos, que projeta e implementa medidas inovadoras para melhorar as abordagens de adaptação climática por meio de políticas, mídia e desenvolvimento resiliente. Reconhecendo que as mudanças climáticas são multifacetadas e devem ser enfrentadas ancorando estratégias com uma abordagem em diversos níveis de nossas sociedades, seus programas são projetados para avançar estrategicamente a resiliência climática, influenciando e promovendo uma descentralização inclusiva das pessoas, da energia, da economia e dos governos.
A Surge Africa tem presença regional na África, com operações na Nigéria, Gana, Quênia e África do Sul por meio de diversos programas e iniciativas. Trata-se da primeira vez que a organização vem à América Latina, através de um programa que seguirá no continente para promover nossos valores compartilhados de justiça e igualdade na defesa da justiça climática.
Programação
Encontro Internacional
LAB Narrativas Climáticas
19 de junho de 2024
18H – 19H30
A crise climática e o sul global-
que modelo nos trouxe até aqui?
As causas, os causadores, o modelo predatório colonial.
Participantes:
Marina Guzzo
UNIFESP
mediadora
Artista e pesquisadora, Marina Guzzo concentra suas criações na interface do corpo e da paisagem. É Professora Associada da Unifesp no Campus Baixada Santista, pesquisadora do Laboratório Corpo e Arte no Instituto Saúde e Sociedade.
Nasreen Al-Amin
Surge Africa
palestrante
Nasreen Al-Amin é fundadora e diretora executiva na Surge Africa, especialista em sustentabilidade ambiental na Nigéria, com anos de experiência nos setores de políticas, diplomacia, desenvolvimento e comunicação.
Simone Takuá
Flora Tupi
palestrante
Simone Takuá, filha de parteira, nasceu e foi criada na aldeia, dentro da cultura Guarani Mbya. É formada em pedagogia pela faculdade Peruíbe FPBE, importante liderança e fitoterapeuta da aldeia Piaçaguera, em Peruíbe, São Paulo.
Ana Sanches
Instituto Pólis
palestrante
Ana Sanches é doutoranda em Mudança Social e Participação Política na Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisa Ecologismos Decoloniais, Participação e Mudança Social, Justiça e Racismo ambiental. Atua como como assessora de projetos no Instituto Pólis e como ativista no movimento negro e socioambiental brasileiro.
19H30 – 21H
Coquetel e apresentação artística
Wescritor
Wescritor é rapper e multiartista indígena do povo Tupinambá de Olivença, da Bahia. Natural de São Vicente (SP), Wes aborda pautas indígenas e reverbera ancestralidade nas rimas. Transita entre letras de resistência, reflexivas, sobre amor e sentimentos.
Coral Nhaderu Rembiguai
O Coral Nhaderu Rembiguai, pertencente à comunidade indígena de Paranapuã, um território indígena que resiste no município de São Vicente, São Paulo.
20 de junho de 2024
9H – 10H
Café da manhã e boas vindas
10H – 11H30
Qual o tamanho do problema quando falamos em crise climática? Olhares sobre dados e informações na construção de soluções efetivas.
Participantes:
Thaynah Gutierrez
Rede para uma Adaptação Antiracista
mediadora
Thaynah Gutierrez Gomes, 25 anos, administradora pública formada pela FGV-EAESP e pós-graduada em Transição Energética e Direitos Humanos pela CLACSO Equador. Atua enquanto secretária executiva da Rede por Adaptação Antirracista e como consultora nos temas de cultura, participação social e mudanças climáticas. Faz parte do Instituto Omó Nanã, que atua nos temas socioambientais e climáticos a partir das contribuições das matrizes africanas.
Clara Sacco
data_labe
palestrante
É Diretora Executiva responsável pelo desenvolvimento institucional e cofundadora do data_labe. Bacharel em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense, tem a trajetória profissional relacionada a projetos que conectam comunicação, tecnologias, produção cultural, juventude e mobilização política.
Alexandra Sampaio
Unisanta
palestrante
Graduada em engenharia, mestrado em Ciências Ambientais pelo PROCAM/USP, docente e coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Faculdade de Engenharia da Universidade Santa Cecília, em Santos. Coordenou a implementação do primeiro sistema, no Brasil, de previsão de alertas de ressacas marítimas e inundações costeiras e de balneabilidade das águas a nível operacional em Santos, São Vicente e zona estuarina.
Fábio Tatsubô
Prefeitura de Santos
palestrante
Fábio Tatsubô trabalha com jornalismo de 1995. Foi coordenador do departamento de Transparência e Chefe de Departamento da Ouvidoria, Transparência e Controle – OTC, entre 2017 e 2022. Atualmente é coordenador do Comitê ODS e atua no monitoramento do Plano de Governo.
Coronel Daniel Onias
Defesa Civil de Santos
palestrante
Tenente Coronel da Defesa Civil de Santos, antes atuava no 17º Grupamento do Corpo de Bombeiros. Em 1988, coordenou a Defesa Civil de São Sebastião, no litoral norte.
14H – 15H30
Prevenir, antecipar, adaptar e mudar. Como construir soluções convergentes e governança compartilhada nas soluções?
Participantes:
Pedro Torres
UFABC
mediador
Cientista Social e Planejador Urbano, atualmente é Professor no Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais (PROCAM/USP) e Pós Doutorando em Planejamento Territorial na Universidade Federal do ABC (UFABC). Trabalha com os temas da gestão e do planejamento – com ênfase em adaptação justa às mudanças climáticas/justiça climática e cidades costeiras.
Samia Sulaiman
Secretaria Nacional das periferias
palestrante
Coordenadora-geral da Coordenação de Articulação do Departamento de Mitigação e Prevenção de Riscos da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades. Mestrado em Planejamento e Gestão de Riscos Naturais, Universidad de Alicante, Espanha. Pesquisadora do Laboratório de Gestão de Risco (LabGRis-UFABC) e do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Sobre Desastres (NUPED/UFRN).
Mario Bueno
Prefeitura Municipal de São Vicente
palestrante
Formado em Ciências do Mar (Unifesp) e Engenharia Ambiental (Unifesp), possue mestrado em Bioprodutos e Bioprocessos (Unifesp). Atua na área de inovação e empreendedorismo nas engenharias (Unesp, CREA, VUNESP). Atualmente é Secretário Adjunto de Meio Ambiente na Prefeitura Municipal de São Vicente.
Rosilene Santos
União dos Atingidos de São Sebastião
palestrante
Negah Rosi é residente do litoral norte de São Paulo, ativista na União dos Atingidos de São Sebastião e da Associação de mulheres da Vila Sahy desde 2001. É também culinarista de alimentação orgânica e produtora de ervas medicinais para tratamentos terapêuticos. Ganhou o Prêmio Ozires da Silva da FGV, com o projeto Rede Brotar em 2019.
Danielle Almeida de Carvalho
Pesquisadora de Doutorado no INPE
palestrante
Bióloga e pesquisadora especialista em interface socioambiental, faz consultorias e trabalhos acadêmicos relacionados à adaptação às mudanças do clima, governança e políticas climáticas subnacionais e equidade de gênero. Desenvolve estudo sobre governança climática na zona costeira na Região da Baixada Santista e participa do processo de elaboração do Plano Regional de Adaptação e Resiliência da Baixada Santista.
16h30-17h30
Compreendendo o Panorama e os Desafios
Participantes:
Tatiane Matheus
Climate Justice Lab
mediadora
Pesquisadora de Justiça Climática, Gênero e Racismo Ambiental. Autora do livro “Vozes femininas pela economia verde e inclusiva”. Jornalista há mais de 20 anos, é responsible leader na BMW Foundation e é membro do Grupo de Trabalho de Gênero e Clima do Observatório do Clima. Está cursando a pós-graduação em Direitos, Desigualdades e Governança Climática (UFBA).
Muhammad Shamsuddin Ibrahim
Surge Africa
palestrante
Muhammad Ibrahim é um indivíduo multifacetado com expertise em projetos de resiliência, justiça climática, narrativas digitais e organização de base. Ele é reconhecido por seu ativismo digital premiado e atualmente foca em adaptação climática, mobilidade climática, culinária sustentável e governança ambiental. Com um forte compromisso com pesquisa, políticas, defesa e prática, Muhammad visa aprimorar a capacidade e o entendimento para uma transição de resiliência e energia limpa. Ele trabalha como associado de resiliência na Surge Africa Organisation.
Leonardo Leal
Sleeping Giants
palestrante
Leonardo Leal é co-fundador e Diretor de Comunicação do Sleeping Giants Brasil, uma organização progressista de ativistas digitais que afirma combater discursos de ódio e desinformação de forma anônima na internet. Em quatro anos, o movimento conta com o apoio de mais de um milhão de seguidores em suas redes e já conscientizou 1054 empresas, o total desmonetizado do discurso nocivo já ultrapassa os R$200 milhões.
Thux Oliveira (Tuane)
Perifa Connection
palestrante
Diretora executiva do PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativas sobre as periferias brasileiras. É da favela de Duque de Caxias e formada em direito pela UFRJ, especialista nos temas de Direito à cidade, acesso à terra, advocacia popular e sociologia jurídica. É pesquisadora acadêmica nas áreas de reforma agrária, direito à moradia, atuação dos movimentos sociais e assessoria jurídica popular.
17h30-19h
Estratégias para Comunicação Climática Eficaz
Participantes:
Tatiane Matheus
Climate Justice Lab
mediadora
Pesquisadora de Justiça Climática, Gênero e Racismo Ambiental. Autora do livro “Vozes femininas pela economia verde e inclusiva”. Jornalista há mais de 20 anos, é responsible leader na BMW Foundation e é membro do Grupo de Trabalho de Gênero e Clima do Observatório do Clima. Está cursando a pós-graduação em Direitos, Desigualdades e Governança Climática (UFBA).
Nathalia Rocha
Morada Comum
palestrante
Diretora Executiva da Morada Comum, uma rede global que promove o bem comum para o meio ambiente, fortalecendo e ajudando a criar instituições cívicas que capacitam as pessoas a construir coletivamente o bem comum para o meio ambiente.
Daniel Akinola Oladoja
Global Strategic Communications Council
palestrante
Daniel é um especialista em comunicação estratégica com mais de cinco anos de experiência na área de comunicação e sustentabilidade ambiental. Ele está comprometido com a justiça climática e a sustentabilidade como um meio para um desenvolvimento verde, resiliente e inclusivo, que realmente democratiza os dividendos da riqueza climática para os mais vulneráveis na África.
Adriano Liziero
Geopanoramas
palestrante
Adriano Liziero, é geógrafo, editor de texto e documentarista de meio ambiente. Atua no mercado editorial de didáticos, com obras desenvolvidas nas maiores editoras brasileiras. É creator no Geopanoramas, projeto de comunicação para a sustentabilidade com mais de 100 mil seguidores nas redes sociais. Foi reconhecido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como autor de inovação educativa na América Latina. Atualmente, é apoiado pela Open Society Foundations em iniciativas de comunicação ambiental e climática, além de desenvolver conteúdos educativos voltados a transição energértica responsável, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade, na Think Thank Aurora Lab. Está escrevendo o livro ‘Somos Paisagem’ com a Bambual Editora.
Laboratório Narrativas Climáticas
Nos dias 21 e 22 de maio de 2024, 20 pessoas selecionadas após chamada aberta, compuseram a equipe do LAB Narrativas Climáticas 2024. O laboratório foi uma vivência em formato relâmpago cujo objetivo foi a prototipação de iniciativas de baixo custo e fácil realização que chamassem atenção das autoridades, dos órgãos públicos e dos meios de comunicação para a urgência das mudanças climáticas na Baixada Santista.
A seleção buscou pessoas com experiência em soluções climáticas e comunicação de impacto para desenvolver protótipos e comunidades de prática que abordam a comunicação urgente dos fenômenos climáticos locais.
Os participantes receberão uma bolsa de R$500, recursos para protótipos, ajuda de custo para deslocamento e alimentação nos dias de atividade, decidirão as ações e protótipos dentro das categorias pré-definidas. Eles participarão de um processo imersivo, compartilhando ideias e conhecimentos, e recebendo mentoria. O objetivo foi criar comunidades de prática para promover uma Baixada Santista sustentável e igualitária.
Um laboratório cidadão é um espaço colaborativo e experimental onde indivíduos de diferentes perfis e saberes se reúnem para desenvolver soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais. Esses laboratórios são caracterizados pela participação ativa da sociedade civil, que contribui com seus conhecimentos, experiências e criatividade. Reconhecemos assim, que todo território já possui fazedores, criadores e agentes inovadores, não necessariamente tendo todas as respostas prontas.
Alguns pontos importantes de um laboratório cidadão para o Instituto Procomum:
1.
Colaboração e Co-criação:
Envolve a participação coletiva no processo de criação e desenvolvimento de soluções, promovendo a troca de saberes e experiências entre os participantes.
2.
Diversidade de Perfis:
Seleciona pessoas com diferentes habilidades, conhecimentos e experiências, garantindo uma abordagem multidisciplinar e inclusiva.
3.
Metodologia Centrada nas Pessoas:
Prioriza as necessidades, ideias e propostas dos participantes, criando um ambiente de aprendizagem e desenvolvimento mútuo.
4.
Mentoria e Orientação:
Oferece suporte e orientação de mentores e especialistas para ajudar no desenvolvimento das soluções propostas.
5.
Recursos e Suporte
Fornece bolsas, recursos para prototipagem e apoio logístico, como alimentação e ajuda de custo para deslocamento, para facilitar a participação efetiva.
6.
Cuidado
Oferta de ações de cuidado individuais e coletivas durante todos os dias de laboratório, com um foco interdisciplinar e integrativo, centrado nas necessidades singulares e comuns das pessoas envolvidas no laboratório.
Para nós, um laboratório cidadão é um ambiente de inovação aberta onde a sociedade civil pode atuar de forma proativa na criação de soluções para desafios comuns, reforçando o bem-estar coletivo e a justiça social.
Resultado dos protótipos
Protótipos
Da Quebrada ao Nhandereko
Categoria: Arte e ativismo.
Intercâmbio cultural entre as periferias e as aldeias da Baixada Santista. Com o objetivo de promover trocas entre dois grupos subrepresentados que sofrem as urgências climáticas, mas de maneiras diferentes, o grupo testará o papel de artivismo neste contexto, realizando uma oficina de grafismo e pixo.
Participantes:
Ana Carolina da Silva Salles
Ana Paula Mariano
Arú Alekrym
Daniel Messias dos Santos
Eliza Gonçalves da Silva
Kuaray O’ea
Mari Felippe de Oliveira
Nycholas Alves de Lima
Simone Alvarez
O grupo “Da Quebrada ao Nhandekeru” propôs a fusão entre as artes urbana e indígena. O processo se deu em uma oficina de grafite e artivismo que foi registrado em um mini documentário apresentado durante o encontro.
No clima da Baixada
Categoria: Ativismo digital.
Realização de uma ação-campanha investigativa e de escuta sobre a urgência climática com os catraieiros da Bacia do Mercado.
Participantes:
Ana Beatriz da Silva Santos
Felipe Miranda
Geraldo Varjabedian
Lays Ushirobira
Thaisa Torres Nunes
O grupo organizou seus trabalhos a partir da seguinte lógica:
Proposta inicial:
Coletivo de mídia independente baseado em comunidades afetadas pelo clima;
Problemática:
Falta de acesso de informações sobre mudanças climáticas nas comunidades afetadas. Necessidade de democratizar discussões e tomada de decisão sobre mudanças climáticas.
O que testamos:
O poder de mobilização dessas comunidades e a sua relação com o tema.
Proposta:
Campanha de mobilização pelo clima.
O grupo também criou uma metodologia de campanha, baseada em três etapas:
Polinizar informações sobre mudanças climáticas e seus impactos nas populações atingidas na Baixada Santista;
Estimular participação popular, criando soluções a partir das comunidades;
Mobilizar um dia de ação pelo clima
O grupo também criou uma série de cartazes como exemplos de mobilização.
Teko Porã
Ação comunitária para ação de descontaminação de lagos com resíduos de mineração com plantio de sementes em águas de comunidades.
Participantes:
Cleirray wera Fernando
Luã Apyká
Colaboradores:
Líderes da comunidade Tabaçu Rekó Ypy
O grupo começou a organizar e estudar ações para descontaminar as terras indígenas, um esforço crucial diante do impacto devastador da poluição causada pela atuação de mineradoras na região. Localizada na divisa entre os municípios de Peruíbe e Itanhaém, a comunidade faz parte da Terra Indígena Piaçaguera.
A comunidade Guarani-Nhandeva (Tupi-Guarani) de Piaçaguera tem enfrentado as consequências da atuação de mineradoras desde os anos 50, quando a mineradora Vale do Ribeira participou da expulsão da comunidade indígena que vivia nas proximidades da estação ferroviária Taniguá, já desativada.
Entre 1999 e 2000, os índios promoveram a retomada da terra tradicional e, desde então, lutam para recuperar a área devastada pelas mineradoras. A Terra Indígena Piaçaguera, no litoral sul de São Paulo, é morada de 331 indígenas (Sesai, 2023) que se autodenominam Tupi-Guarani. Distribuídos em doze aldeias, eles ocupam uma área de 2.773,7978 hectares no município de Peruíbe.
A trajetória dos Tupi-Guarani de Piaçaguera é marcada por resistência, luta e a busca por viver de acordo com sua cultura em um contexto bastante adverso. O processo de demarcação da Terra Indígena consumiu muitos anos. A demarcação de Piaçaguera foi homologada pela presidenta Dilma Rousseff em 2016 e registrada em cartório no mesmo ano. Em 2018, a terra foi registrada na Secretaria do Patrimônio da União, finalizando o procedimento de regularização fundiária.
A Terra Indígena está localizada no bioma da Mata Atlântica e ocupa uma área que vai desde a beira da praia até o sertão. É uma área bastante preservada – apenas 14% de seu território encontra-se desmatado – situada em uma região bastante urbanizada do litoral paulista, onde as atividades e os empreendimentos ligados ao turismo e ao lazer constituem base importante da economia local.
Durante a execução do protótipo, o grupo conseguiu mover as lideranças comunitárias para reorganizarem as suas memórias de lutas e resistência em relação ao assunto. Realizamos uma reunião para conversarmos sobre todas as informações de cada liderança.
Certamente, não é fácil mitigar os impactos de mais de 50 anos de extração de areia pela empresa Vale do Ribeira Indústria e Comércio S.A. Somente em 2011, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) suspendeu a outorga e renovação de títulos minerários na área.
A extração de areia deixou marcas irreversíveis, afetando a qualidade biológica dos fragmentos florestais que restaram, dificultando a coleta de material para o artesanato e construção de casas tradicionais, e a realização de roçados pelos indígenas. Esse problema da terra leva a população a um estado de maior vulnerabilidade e ameaça à soberania alimentar desse povo.
Agora, com o grupo organizado e estudando ações para descontaminar as terras indígenas, buscamos publicizar essa história para conseguir colaborações e ações de outros campos de saber, visando apoiar a comunidade em sua luta pela recuperação e preservação de seu território.
A primeira ação após a reunião será o reflorestamento de parte da terra, a ser realizado no festival do ano-novo Tupi-Guarani da comunidade, dentro de um festival de outras atividades.