Na sexta-feira, 24/1, recebemos a visita das professoras Aparecida Torres Sillas e Liliane Ramos da Universidade VIla Velha (UVV). Elas vieram diretamente do Espirito Santo para visitar o LAB Procomum e conhecer um pouco mais do nosso espaço e projetos.
As professoras estão utilizando a Metodologia Maral como ferramenta para ativação e mapeamento da rede cultural do bairro da Boa Vista, próximo da universidade onde lecionam, criando novas pontes entre os saberes acadêmicos e com os produzidos pelo território.
Documentar e gerar metodologias que permitem a replicação de projetos é parte intrínseca do trabalho do Instituto Procomum. E nos enche de energia e alegria saber que o nosso esforço e trabalho está sendo utilizado e compartilhado por outras pessoas.
Aparecida Torrecillas trabalha na UVV com criatividade e educação. Liliane Ramos é pesquisadora do programa de doutorado da Universidade Federal do Espírito Santo, e recentemente deixou seu posto como professor para assumir novos desafios. Sua área de interesse são as novas possibilidades de culturas econômicas, e como a criatividade e arte podem nos levar para esses novos caminhos. Batemos um papo descontraído com elas e compartilhamos com vocês.
LAB Procomum: Como vocês conheceram a Metodologia Maral?
Aparecida Torrecillas: Temos estudado e acompanhando a trajetória do Instituto Procomum desde o começo.
E a Metodologia Maral foi a solução que encontramos para trabalhar com a comunidade Boa Vista, que está muito próxima da Universidade de Vila Velha (UVV). Trata-se de uma comunidade periférica que sentimos que tem um potencial grande cultural e artístico e que, talvez, eles ainda não reconheceram esse poder.
A metodologia também nos serve como ferramenta para criar ou fortalecer uma ponte entre a universidade e a comunidade no âmbito da cultura e da arte.
Liliane Ramos: A metodologia também foi valorosa para nós desde o começo, porque possibilita um processo que dá vazão para as potências em um lugar que é de colaboração e coloca o todos saberes na mesma mesa. Princialmente para nós da academia esse é um grande desafio: olhar a para a legitimidade dos diferentes saberes. Ou seja, como a academia pode colocar-se em um lugar de facilitação de um processo que não seja impositivo ou colonizador de um tipo de inteligência sobre outro tipo de inteligência.
Nos inspirou o fato de vocês terem a sistematização de um processo que permite que todo esse potencial aflore, de maneira organizada e com bons resultados em outros contextos.
LAB Procomum: Já estão aplicando a metodologia em projetos, então?
A.S: Temos concretamente dois projetos e um deles é inspirado na Metodologia Maral, que é o mapeamento e a ativação cultural da comunidade da Boa Vista.
E um segundo projeto que acabamos de passar na segunda etapa de um edital para fazer uma triangulação entre universidade, comunidade e empresas a partir de co-criação de tecnologias sociais junto com a comunidade.
O IP foi uma grande inspiração, não somente na questão da Metodologia Maral, mas em todo o contexto do bem comum, de trabalhar com o comum. No nosso caso, vamos caminhar mais para o lado da cultura e a da arte, que é a grande conexão de tudo que a gente quer trabalhar.
L.R: Sim e por isso foi muito emocionante o dia de hoje. Já havíamos feito um estudo prévio antes da visita e acreditamos que é uma generosidade gigantesca e um mérito do processo de sistematizar e compartilhar toda a experiência de vocês na Metodologia Maral.
Mas vir aqui emociona. Emociona por ver a verdade e a coerência do que vocês estão construindo. E a verdade e beleza do que significa confiar em um processo bem estabelecido e bem pensado, mas que também é repleto de novas perguntas e possibilidades.
Me surpreendeu a rapidez da construção de vocês, tudo isso que foi feito em apenas 3 ou 4 anos, com a solidez e maturidade do pensamento. Para nós que estamos começando, é mais um reforço de que esse caminho é um caminho que funciona e dá certo. E uma enorme oportunidade de aprendizado porque podemos analisar o estado que vocês já chegaram e os passos que já deram para pensar o nosso contexto.
Muitas vezes pensamos em nossos projetos e sonhos como situações utópicas e ao visitar e conhecer a sede de vocês e seus projetos percebemos que é algo concreto. Aqui acontece e é de verdade.
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