Sobre (não) caber em si

“Sobre (não) caber em si – I”, 2020

Tinta acrílica sobre madeira, 20 x 19 x 4 cm

Natália Brescancini

 

Falta céu, a outra, movimento, amplitude e horizonte na experiência do corpo para poder mergulhar no tecido pictórico, pintar grandes formatos: no corpo a corpo com a tela, viver o embate entre o corpo pintado e aquele que pinta; embate de si com a cor, com o suporte, a matéria, o espaço. Falta céu para respirar.

Pintar os blocos é sobre adaptar-se, caber toda no espaço da ‘caixa’, e destapá-la. Adaptar-se ao material bruto, espaço limitado (limitante?), geométrico, pesado. Caber transformando, rompendo planos, encontrando nos veios as brechas e o céu. Abrir janelas, janelas em si.

O bloco é sobre os planos/paredes como limites para o corpo e para a pintura ou, antes, sobre fronteiras; é sobre respirar dentro da caixa, sobre pequenas fugas, escapes, escapes de ar, escapes de mar. Conter-se e extrapolar; confinar-se rompendo; ter o teto pesando sobre a cabeça mas o corpo cheio de ar.

2560 2501 Editor
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