O Instituto Procomum é um local no qual, dentre tantas outras coisas, se dedica a desenvolver e sistematizar metodologias voltadas, principalmente, para o desenvolvimento de laboratórios cidadãos e para isso investe no desenvolvimento institucional a fim de que tenhamos um equipe, ainda que diversa, alinhada aos propósitos que nos guiam. Neste mês, parte dos membros da equipe do IP, compuseram a turma do CoResolve que, mentorada pela gestora social Regina Egger, se aprofundaram nos conceitos da Democracia Profunda Lewis.
Democracia Profunda é uma tecnologia de diálogo que acredita que “as diferenças de opiniões e os conflitos são um ambiente potencial para tomarmos decisões melhores e que cuida de desenvolver um ambiente seguro para que as pessoas possam dizer o que tem que ser dito” (Imagine Gestão Social). Desta imersão, algumas impressões foram colhidas e postas para toda a equipe num esforço de partilhar o que foi absorvido individualmente por cada um dos participantes, entendendo que aprender a se comunicar é muito relevante para o desenvolvimento das nossas habilidades de construção coletiva.
Luíza Xavier, coordenadora de cuidados do IP conta: “É uma metodologia de mediação que a princípio me pareceu de conflito, mas depois me pareceu das relações. Serve para conflitos e incômodos postos, mas às vezes não declarados. É uma metodologia que nasce com uma base teórica apoiada na psicologia social e no marxismo. Também tem inspiração na física quântica quando se pensa na interação e na energia entre as pessoas. Nasce no contexto do apartheid entendendo a necessidade de instauração de processo democrático deste período.”
Silmara Barón acrescenta que “é uma forma mais participativa e inclusiva para que todas as vozes sejam ouvidas e as decisões sejam tomadas de forma justa e transparente.” Das falas podemos perceber que a técnica coloca luz em vozes que muitas vezes são silenciadas, mas que podem contribuir para a sociedade por tirar algumas das limitações existentes no que entendemos por democracia tradicional. Luíza adiciona que é muito difícil lidar com o “não”, mas muitas vezes esse “não” que a princípio parece individual, pode ser coletivo.
“Estamos muito acostumados a um tipo de democracia na qual a gente escuta quem tá concordando. Este entendimento vem da percepção de que todas as vozes precisam ser ouvidas, inclusive as que não são consideradas vencedoras. De uma forma resumida a metodologia serve para que a gente ouça dissonâncias e a partir de então encontremos outras respostas. Em todas as construções que fazemos, olhamos para o outro esperando uma resposta positiva e o que fica para mim é a necessidade de aceitar o “não” como uma forma de enriquecimento. Tornando esse processo algo mais pacífico.” Isa Luz – Coordenadora de comunicação e desenvolvimento institucional
“Tem uma coisa que é estar trazendo o convite a este “não”, entendendo que se há alguém desconfortável, essa pessoa precisa ser valorizada. Podemos encontrar discordâncias de pontos de vista diferentes. A democracia traz um pouco de aprofundamento em momentos em que não estamos conseguindo ficar coesos. “ Fabrício Freitas – Diretor Institucional
Para além dos ganhos coletivos, imergir nestes conceitos, trouxe ganhos pessoais, Silmara expõe que passar por este processo a fez olhar mais para a sua capacidade de dialogar e escutar o outro. Para Luíza o conhecimento vem para contribuir com o próprio trabalho. Psicóloga por formação, Luíza comenta que durante a faculdade, sempre buscou por técnicas mais reflexivas e o encontro com Regina trouxe a possibilidade de reencontrar uma técnica mais estabelecida de nortear decisões. Fabrício comenta da importância, trazida no curso, da escuta ativa e Isa conclui que para além de ouvir o não do outro, a técnica a auxiliou a acolher os próprios “nãos”.
Vale acrescentar que outros membros da equipe já compuseram anteriormente outras turmas a fim de estudar a Democracia Profunda. Da experiência pregressa, Geórgia Nicolau, Diretora Institucional, traz que esta metodologia não serve para nos deixar totalmente felizes, mas sim para ouvir e acolher o outro. É a respeito de encontrar e trabalhar com situações de divergência entendendo que estas trazem oportunidades de aprendizado sócio emocional, extraindo a potência dos conflitos e desenvolvendo habilidades de gestores, equipes e indivíduos de se relacionar de forma autêntica navegando de modo seguro por situações de oposição tensão e visões contrárias.
Fontes:
https://www.instagram.com/p/C4GyRuwxkXm/?igsh=aXJhenk1d3hkcjlu
https://www.imaginegestaosocial.com.br/
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