No dia 31 de março terminaram as inscrições para o LAB Tempestade. Ao todo foram 71 inscrições, provenientes de 50 diferentes bairros, dentre as quais 30 foram selecionadas por membros da Casa Criatura, do Instituto Procomum e da sociedade civil para que, entre os dias 14 de abril e 6 de maio, participem de uma jornada imersiva que compreenderá mentoria e desenvolvimento de protótipos na cidade de Olinda – PE. O resultado foi divulgado via email para todos que participaram da seleção. As propostas superaram nossas expectativas, mas estamos confiantes que, dentre tantas propostas incríveis, conseguimos selecionar um grupo potente e diverso, composto por 19 pessoas pretas ou pardas, 4 indígenas e 7 brancas.
LAB Tempestade é uma iniciativa que se posiciona como prática diante dos desastres relacionados às crises climáticas cujo objetivo é conectar pessoas com diferentes saberes e experiências para criarem soluções inovadoras diante dos contextos locais compartilhando ideias e recebendo a orientação de mentores experientes em prototipagem e questões ambientais, buscando destacar a atuação de iniciativas da sociedade civil. A viabilidade do processo se dá com a parceria entre Instituto Procomum, Casa Criatura, GIG e apoio da Nor-Sud Brücken.
A conexão entre Baixada Santista e a região metropolitana de Recife e Olinda se estabelece a partir da observação de que ambas as localidades vêm sofrendo com as consequências de uma política pouco atenta aos efeitos das crises climáticas. Segundo o portal Folha-PE, as chuvas de 2022 em Pernambuco ocasionaram 132 vítimas fatais.
Já na Baixada Santista, só em 2022, mais de 200 pessoas ficaram desabrigadas por consequência das enchentes. Para além disso, há a proximidade com a região de São Sebastião onde, em 2023, 57 pessoas perderam a vida devido a deslizamentos e enxurradas. Todos estes eventos estão ligados às crises climáticas. O índice pluviométrico registrado na região de São Sebastião, por exemplo, chegou a superar em até 70% a média já registrada no local.
O Instituto Procomum, desde a sua fundação, tem se preocupado com as crises climáticas e sustentabilidade. Essa preocupação se intensificou em 2020, durante a pandemia, quando foi realizado o LAB de Mudanças Climáticas. Neste laboratório, diversas organizações, como a ECO-Maré do Rio de Janeiro, Sustenta Grafitti de São Vicente, SAF Aldeia Tekoá Kwaray de Peruíbe e Alagados de Santos, desenvolveram protótipos relacionados ao tema. Os resultados obtidos foram muito positivos, incluindo iniciativas de reflorestamento, revitalização de espaços públicos e valorização de comunidades indígenas.
Casa Criatura é dedicada à ocupação e revitalização de espaços abandonados. Durante a pandemia, a organização produziu, com apoio da Fundação Mozilla, artefatos como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a Aerosol Box para unidades de saúde de Terapia Intensiva (UTIs). O espaço também se envolveu no projeto para criação de fazendas urbanas Begreen e em um consórcio de atores públicos e privados para a construção do primeiro laboratório de inovação em economia circular do Brasil, localizado em Fernando de Noronha, e que integra o projeto Plástico Zero de Noronha, apoiado pela Ball Corporation. A organização também produziu uma série de jogos educativos em uma campanha que ficou conhecida como “Virando o Jogo“.
A Global Innovation Gathering é uma comunidade global de pessoas que trabalham com inovação ou que fazem parte de hubs de inovação e conhecimento aberto. A GIG é uma plataforma para pessoas e organizações que buscam criar impacto positivo em suas comunidades locais e globalmente. Através de uma série de eventos, projetos e iniciativas, a GIG promove a diversidade, a inclusão e a sustentabilidade na inovação. E tem apoiado iniciativas diversas, desde criação de protótipos para respostas emergentes como a do covid-19 quanto iniciativas de ciência cidadã, como o CoAct.
A reunião dessas organizações desaguou em uma chamada que reuniu pessoas provenientes das mais variadas áreas de conhecimento, o grupo selecionado conta com lideranças, ativistas, educadores populares, agroecólogos, pedagoga, artista, arquitetes, estudantes de serviço social e geografia, gente da programação, biologia, engenharia, cicloativista, gastrônoma, professor…. Vale lembrar que a seleção priorizou pessoas que residem em áreas de risco ou tenham envolvimento prévio com ações climáticas. Para acompanhar o restante do processo, fique atento às nossas redes sociais.
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