#BaixadapelaVida: Entrega da primeira leva de doações mostra importância das lideranças comunitárias

Baixada pela Vida é uma frente de apoio e combate ao covid-19 na Baixada Santista. Trata-se de uma rede de solidariedade organizada pelo Arte no Dique, Fórum da Cidadania, Instituto Elos e Instituto Procomum e apoiada por centenas de entidades e colaboradores. O fundo de solidariedade foi criado para atender as comunidades mais vulneráveis aos impactos da pandemia do coronavírus, do isolamento social e da crise econômica

A campanha Baixada pela Vida ainda está em aberto e próxima de alcançar a meta final de R$ 390 mil reais. Devido à urgência dos problemas enfrentados, a coordenação executiva  da frente decidiu antecipar as entregas em lotes. Ou seja, quando parte da meta era alcançada ela já era repassada para as organizações, que organizam as suas respectivas entregas.

Depois de um processo de escuta com a rede de colaboradores e parceiros, o Instituto Procomum identificou demandas nos seguintes bairros: Aldeia Tekoa Paranapuâ (São VIcente-SP); Vila Nova (Santos), Paquetá (Santos), Macuco (Santos) Embaré (Santos), Vila São Jorge (Santos), Rádio Clube (Santos), Jardim Castelo  (Santos) , Encruzilhada (Santos), Vila Mathias (Santos) , Penha (Santos), Santa Cruz do Navegantes (Guarujá), Humaitá ( São Vicente), Gleba II ( São Vicente),Itararé (São Vicente), Parque Bitaru ( São Vicente), Centro ( São Vicente), Cidade Náutica (São Vicente) Saoke (Bertioga), Triângulo (Bertioga), Caiçara (Praia Grande), Tude Bastos (Praia Grande) , Ribeirópolis (Praia Grande), Jardim Samambaia – (Praia Grande), Vila São Paulo (Mongaguá ). Regiões, em sua maioria, de extrema vulnerabilidade social.

Para cada região, um morador do bairro ligado à nossa rede ou um líder comunitário foi o mediador das entregas, que foram realizadas com todas recomendações de segurança. Separamos algumas histórias que contam como o papel das lideranças comunitárias trouxe a união e a solidariedade como ferramentas para atravessar esse momento de maneira difícil.

Quando a solidariedade ultrapassa limites visíveis

Associação dos Moradores do Cortiços do Centro de Santos – Bacia do Mercado, Santos-SP

Com o início da pandemia do novo coronavírus, Samara Faustino, presidente da ACC, e ativista de moradia e direitos humanos há mais de 30 anos, mostrou a força de sua liderança comunitária e publicizou como os problemas estruturais do bairro somados à pandemia poderiam desencadear em situações graves para a população.

A precariedade das moradias, falta de saneamento e dificuldades econômicas para compra de alimentos e produtos de higiene foram as principais urgências levantadas por Samara Faustino. Antes mesmo do frente Baixada pela Vida conseguir articular-se e iniciar a campanha, ela e outros militantes criaram o movimento Cortiços Contra o Corona, que rapidamente iniciou a entrega de cestas básicas e kits de higiene para o bairro.

Entendendo que os problemas do bairro são graves e o número de famílias que precisam de ajuda é alto, entramos em contato com Samara para fortalecer o movimento que ela já havia iniciado.

Em um primeiro momento, foi realizada a entrega de 100 cestas básicas, kits de higiene e cartões de vale alimentação para moradores do bairro.

Mas foi durante a segunda entrega, que fomos surpreendidos por uma mensagem de Samara Faustino, mostrando sua preocupação com quem mas precisa. Ela conversou com um grupo de imigrantes haitianos do bairro e descobriu que eles não haviam recebido nenhum tipo de ajuda e estavam impossibilitados de acessar o auxílio do governo federal.

Rapidamente, ela reorganizou a distribuição das cestas, para atender a urgência dessa população invisibilizada e até então desamparada. ” Graças a vocês e nós em conjunto, conseguimos alcançar quem estava totalmente esquecido. Obrigado por poder proporcionar essa ajuda para eles. Fiquei emocionada de poder ajudar entre 30 e 40 imigrantes. Foi imensa a felicidade deles, sendo que não haviam recebido nenhum benefício ou ajuda de ninguém. Conversei com o primeiro e eles rapidamente vieram buscar a ajuda. Muito obrigado por poder oferecer essa possibilidade para eles”, comentou Samara Faustino.

“Eles moram em cortiços, como nós. São muitos e a maioria não fala o português, alguns ainda não tem documentos e alguns estavam passando fome. Foi muito emocionante poder ajudá-los”, contou a líder comunitária local.

A beneficiada que multiplica ajuda e esperança

Saoke e Triângulo, Bertioga-SP

Vilene Lacerda, empreendedora do Elas na Quebrada,  participou da Colaboradora – Empreender e Transoformar e, com a chegada da pandemia, passou a enfrentar dificuldades com seu empreendimento e vida particular. Ela conversou com um pequeno grupo de pessoas do bairro que também precisava de ajuda e produziu um vídeo pedindo apoio nesse momento delicado. O vídeo circulou no grupo da Colaboradora e ela foi convidada para ampliar as doações para a sua região, nos bairros de Saoke e Triângulo, Bertioga-SP.

“Eu comecei arrecando alimentos para esse primeiro grupo,  mas eu também estava precisando. Eu fui incluída na campanha não somente como líder, mas como beneficiada. É muito bom saber que consegui a ajuda que necessitava e que pude ajudar mais pessoas. A cesta é muito boa, com produtos de qualidade e fiquei feliz de ver o sorriso de cada pessoa. É impressionante como conseguimos estar fisicamente separados e mesmo assim nos ajudar. Foram 22 famílias beneficiadas e isso não tem preço. Com toda essa solidariedade vejo que ainda temos que ter esperança e fé de que isso vai passar” , comentou a empreendedora de Bertioga.

Ela também lembra que participar da Colaboradora transformou sua vida e sente-se realizada ao saber que mesmo após o término do curso, a rede do projeto ainda está ativa e solidária. “Esse momento difícil, mostra a importância de cada pessoa.  Como cada um pode colaborar e ajudar. O que aprendi no curso estou conseguindo mostrar no meu bairro e praticar como todas essas informações e valores de colaboração são importantes para construirmos uma sociedade melhor, mesmo quando a dificuldade aparece e desanimamos. Mas com informação e apoio, percebemos que é possível”, disse.

“Não tem preço o que estamos fazendo. Sinto que não é caridade. Nâo é algo forçado, é feito com base de amor, de cumplicidade e de respeito”, comentou Vilene Lacerda.

Para fortalecer o isolamento social e proteger a comunidade Guarany M’ Bya de São Vicente

Aldeia Tekoa Paranapuã, São Vicente-SP

” Agradeço muito o apoio por poder ajudar a comunidade Tekoa Paranapuã. As doações chegaram em boa hora e nos ajudaram a manter o isolamento da nossa comunidade”, comentou Mirim Santos, uma das lideranças da Aldeia Tekoa Paranapuã, em São Vicente.

A comunidade Tekoa Paranapuâ, São Vicente-SP, é parceira do Instituto Procomum em uma série de projetos. Eles participaram das duas edições do Cirtuito LABxS (Lab Santista) e da Colaboradora – Empreender e Transformar. Vale lembrar que por estarem localizados dentro de uma reserva ambiental, a comunidade sofre uma série de restrições para atividades elementares para sua cultura, como o plantio, por exemplo.

Por isso, a venda de artesanatos é uma das principais atividades da Tekoa Paranapuã. E essa atividade teve que ser interrompida para evitar o contágio da comunidade. Eles decidiram isolar totalmente a comunidade, interrompendo as saídas dos membros e as visitas.
Alguns grupos já haviam organizado as doações, que eram entregues sem contato com a comunidade. “As doações chegaram em um bom momento, porque nosso estoque de alimentos já estava esgotado e estamos evitando qualquer saída para a cidade para evitar o contágio dentro da nossa comunidade”, contou Mirim Santos.

 

Um kit para uma desconhecida que significou o respiro para uma nova vida

Praia Grande-SP

Julie, conhecida como Tia Lua, é empreendedora do Conto de Fadas, empresa de festas e entretenimento infantil, comenta que havia organizado um grupo de 14 familias chefiadas para mulheres de seu bairro. A maioria são mẽs solteiras, diaristas ou vendedoras de Praia Grande que tiveram suas rendas paralisadas com o isolamento social.

Mas a história mais marcante para a sua rede de doações veio de uma pessoa que ela não conhece pessoalmente. Julie fazia parte de um grupo de apoio para mulheres em uma rede social e viu uma postagem de uma mulher que vive próxima de sua casa. Na postagem, a mulher relatava que tem três filhos, está grávida de cinco meses e fugiu de casa por conta de um relacionamento abusivo e violento, tendo que voltar para a casa dos pais e quatro irmãos.

“Um dia antes de terminar o prazo para cadastro das bolsas consegui colocar o nome dela para receber a ajuda. Foi gratificante poder ajudar uma pessoa que não conhecia pessoalmente, mas estava em uma situação limite. Ela comentou que já havia pensado até em suícidio e a chegada de recursos deu um novo folêgo para reestruturar e pensar a sua vida.  Nós agradecemos a todos que doaram e que somaram esforço nessa campanha, Baixada pela Vida, gratidão”, comentou a empreendedora.

 

Dados técnicos das entregas:

 

Instituição: Instituto Procomum

 

Período da distribuição – de 14/05/2020 a 16/05/2020

Responsável pelo Preenchimento: Marina Pereira

 

Função na Instituição: Coordenadora

 

  1. Relatório narrativo

 

  • Descreva brevemente quais materiais/equipamentos/serviços foram distribuídos para cada um dos grupos e/ou comunidades atendidas; como e porque eles beneficiaram os destinatários.

 

Os recursos recebidos, R$ R$ 53.837,48 (referente a ¼ do total mobilizado de recursos na campanha até o momento),  foram utilizados para a compra e distribuição de kits para 331 famílias vulneráveis da Baixada Santista.

 

Cada kit contém:

  • 1 cesta básica de alimentos, com 31 itens e 23kg;
  • 1 kit de proteção à saúde com sabonetes, 200 ml de álcool gel, 2 máscaras de tecido e pasta de dente
  • 1 kit de higiene com água sanitária, detergente e sabão em pó
  • 1 Vale Alimentação no valor de R$ 80,00;
  • 1 folder informativo;

 

  • Além dos kits, 11 faḿílias receberam o vale alimentação com o valor de R$ 400,00 referentes a conversão das bolsas empreendedores, inicialmente pensadas,  direcionando esses valores para o cartão alimentação.

 

  • 191 famĩlias receberam o Kit completo;

 

  • 140 famĩlias de imigrantes Haitianos foram beneficiadas com cartão alimentação no valor de R$ 80,00;

 

  • R$ 11.809,00 foram direcionados para compra de uma máquina laser possibilitando a ação de confecção de FaceShilds direcionadas gratuitamente para profissionais de saúde da Baixada Santista;

 

O kit beneficia os destinatários na medida em que fornece insumos básicos para que uma família de 4 pessoas possa se alimentar e manter a higiene por 1 mês. Também favorece as famílias a ficarem em casa, e cumprirem o isolamento social.

 

  • Descreva o perfil das pessoas beneficiadas (idade, quantidade, gênero, local de moradia, profissão, classe social, etc).

 

As pessoas beneficiadas são moradores dos bairros: Vila Nova (Santos), Paquetá (Santos), Macuco (Santos) Embaré (Santos), Vila São Jorge (Santos), Rádio Clube (Santos), Jardim Castelo  (Santos) , Encruzilhada (Santos), Vila Mathias (Santos) , Penha (Santos), Santa Cruz do Navegantes (Guarujá), Aldeia Paranapuã (São Vicente) Humaitá ( São Vicente), Gleba II ( São Vicente),Itararé (São Vicente), Parque Bitaru ( São Vicente), Centro ( São Vicente), Cidade Náutica (São Vicente) Saoke (Bertioga), Triângulo (Bertioga), Caiçara (Praia Grande), Tude Bastos (Praia Grande) , Ribeirópolis (Praia Grande), Jardim Samambaia – (Praia Grande), Vila São Paulo (Mongaguá ). Regiões, em sua maioria, de extrema vulnerabilidade social.

 

As principais ocupações são: desempregados, donas de casa, auxiliares de limpeza, pedreiros, pintores, trabalhadores da cultura, empreendedores, autônomos. Há diversidade de perfis geracionais atendendo a faixa  de 20 a 70 anos e a média de pessoas por família é 4 pessoas, se estendendo a família com composições menores e pessoas sem vínculo familiar.

 

  • Conte-nos quais medidas de segurança foram adotadas para garantir a proteção ao coronavírus durante os processos de recolhimento e distribuição de doações.

 

Organizamos a distribuição das doações em pontos de apoio regionais, de forma a diminuir a concentração de pessoas, e facilitar o carregamento das cestas. Os horários de entrega foram escalonados e as lideranças responsáveis pelo repasse utilizavam máscaras, álcool em gel e orientavam para que as filas tivessem espaçamento indicado.

Outra parte das doações foi realizada com transporte local, como atendemos pessoas residentes em diferentes bairros, para evitar a necessidade de uso de transporte público pelos beneficiados, fizemos a entrega ponto a ponto.

 

  • Inclua links para vídeos e/ou fotos do momento da entrega, do uso das doações ou outros momentos de registro da doação e sua utilidade.

 

 

Na pasta Registros de Entregas temos fotos e vídeos da distribuição dos materiais.

1280 888 Editor
Compartilhar:

Comente

Pesquisar por